Ano 2011
Voluntariado “obrigatório”
No âmbito do Ano Europeu do Voluntariado, o jornal O Notícias da Trofa está a divulgar – ao longo do ano – testemunhos de pessoas que fizeram ou fazem voluntariado, tentando descortinar o que motiva alguém a dar de si sem esperar nada em troca. Alexandre Sá cumpriu trabalho comunitário na APPACDM da Trofa e transformou uma “sanção” numa “experiência muito positiva”.
“Chamo-me Alexandre Sá, tenho 33 anos e sou natural de Vila Nova de Famalicão e até este ano nunca tinha tido contacto com o voluntariado. Mas na vida há sempre uma primeira vez para tudo e depois de uma multa de trânsito, que me foi aplicada por conduzir com excesso de álcool no sangue, tive a possibilidade de trabalhar em prol da comunidade. Em vez de pagar a multa, abracei de bom grado a oportunidade de fazer trabalho voluntário na APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) da Trofa.
Foi a minha primeira experiência no voluntariado e foi muito positiva em todos os aspetos, porque pude contribuir para uma causa nobre, ao mesmo tempo que me livrei de um encargo extra.
No meu caso, as pessoas podem pensar que fui obrigado a fazer voluntariado, mas não é verdade, porque foi uma decisão minha. Por outro lado, confesso que também não posso dizer que fui voluntário, pois o meu trabalho foi o ‘pagamento’ da multa.
Foi-me sugerido que fizesse 33 horas de voluntariado. Face à minha situação profissional tentei conciliar a melhor forma e destinaram-me um trabalho na central de separação de material para reciclagem. Trabalhei concretamente com cones de fios, provenientes da indústria têxtil, onde efetuava a separação do fio com o respetivo cone.
Durante este tempo efetuei o trabalho com todo o gosto uma vez que estava a contribuir para uma instituição que tem como finalidade apoiar e integrar na sociedade cidadãos com deficiência mental, o que me provocou uma sensação de realização emocional e pessoal.
Em relação à APPACDM posso dizer que fui muito bem recebido por toda a gente da instituição, com todo o respeito, amizade e carinho, desde a direção, passando por funcionários e utentes. Quanto à minha família e amigos acharam de facto que era a decisão mais acertada a tomar.
Nas vésperas de iniciar o voluntariado, muito honestamente, estava com um pouco de receio do trabalho pela sua natureza, pois uma central de reciclagem dá-nos logo a ideia de trabalhar com muita sujidade. Mas no primeiro dia de trabalho pude logo comprovar que os meus receios não tinham fundamento, pois é um trabalho como outro qualquer, mas com muito bom ambiente, graças às pessoas que são muito afáveis. Posso dizer que não encontrei nenhuma dificuldade no meu trabalho.
Durante o tempo em que estive a fazer serviço comunitário refleti, e muito, na razão pela qual ali estava. Acho que, provavelmente, pensa-se mais do que ao pagar uma multa, que se liquida em dois minutos. Com 33 horas de trabalho para completar, tive sempre no meu pensamento o crime que cometi. Se aprendi a lição? Penso que sim, porque desde então nunca mais voltei a fazer o mesmo e espero nunca mais voltar.
Quando acabei o meu voluntariado fiquei com a intenção de voltar à instituição noutras circunstâncias, simplesmente para ajudar, mas tenho de confessar que, infelizmente, acabou por cair um pouco no esquecimento, por isso foi bom ter relembrado o bem que isso me fez.
Aconselho vivamente as pessoas a fazerem voluntariado. Acho que muitas instituições não têm todo o apoio que necessitam, pelo que qualquer ajuda que pudermos dar é bem-vinda.
Eu considero que esta opção deve ser dada a quem é aplicada este tipo de sanções, pois como já referi liberta as pessoas de um encargo adicional e ajuda as instituições que necessitam. Penso, no entanto, que muita gente não recorre ao serviço em prol da comunidade em substituição da multa por desconhecimento, pois nem sempre é informada corretamente que tem esta opção. No meu caso, fui elucidado por um amigo, pois ninguém no tribunal me informou desta opção”.
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