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Variante à EN14: mais vale tarde do que nunca

“A história da variante à EN14 é a história de um país onde todas as grandes obras que não são feitas na Área Metropolitana de Lisboa demoram tempo demais a ser executadas. Mesmo quando se tratam de zonas fundamentais para a economia nacional, como é o caso do eixo Porto-Braga.”

João Mendes

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Foram décadas de luta que nos acompanharam durante estes 25 anos de independência.

Foram avanços e recuos, promessas eleitorais sem cobertura e anúncios enganadores.

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Foram governos PS e PSD, com e sem parceiros de coligação ou acordos de base parlamentar, que nos iam garantindo que desta vez é que ia ser. Só que nunca era.

E, finalmente, no ano da graça de 2024, a variante à EN14 foi finalmente concluída, inaugurada e aberta à circulação.

Importa sublinhar que foi o governo de António Costa quem finalmente deu o pontapé de saída e executou esta obra. Mas teria ela avançado durante o consulado socialista sem as verbas do PRR?

Julgo que não.

Como julgo que não teria avançado caso a Continental não acrescentasse a sua voz ao coro de exigências de décadas, colocando os responsáveis políticos nacionais e locais em sentido.

Aliás, temo bem que tenham sido as exigências dos empresários, não da população da Trofa e concelhos vizinhos, que verdadeiramente convenceram o executivo Costa a avançar.

Mas isso são águas passadas, não movem moinhos.

Foi um parto difícil, a ferros, mas a variante aí está. Celebremos!

Já tive a oportunidade de a percorrer três vezes. E que avanço de vida que ela representa. Sem trânsito, num final de tarde em que tive que ir a Gaia, demorei cerca 10 minutos desde a estação da Trofa até ao antigo Jumbo da Maia.

Quanto tempo demorava antes?

Já não me recordo. Nem quero recordar.

Mas, dependendo do trânsito, facilmente demoraríamos uns 20 minutos para fazer o percurso pela nacional.

O trânsito no centro da Trofa também já dá sinais de desanuviamento. Poderá ser impressão minha, provocada pela normal redução do fluxo num mês em que muitos foram de férias e as escolas estão fechadas, mas a sensação que tenho é a de que a Avenida das Indústrias, a Rua D. Pedro V e o Catulo respiram melhor. E os trofenses também.

A única falha a apontar, parece-me, prende-se com as bermas demasiado estreitas, que podem revelar-se insuficientes em caso de acidente. Um detalhe que não retira valor àquela que considero ser a obra mais importante da história do concelho, para a generalidade dos trofenses, de todas as freguesias, que passarão a viver num concelho mais livre de engarrafamentos diários e desgastantes, que afectavam a sua qualidade de vida e saúde, física e mental. E quando a nova travessia do Ave estiver pronta, e a variante concluída, o alívio será ainda maior.

A história da variante à EN14 é a história de um país onde todas as grandes obras que não são feitas na Área Metropolitana de Lisboa demoram tempo demais a ser executadas. Mesmo quando se tratam de zonas fundamentais para a economia nacional, como é o caso do eixo Porto-Braga.

Condenamos o centralismo português, cobertos de razão, mas a verdade é que a obra aí está. Anos de lutas, pressões e diplomacia deram frutos. Vantagens de viver em democracia, onde podemos lutar por aquilo que é justo. Fosse Portugal uma ditadura, e todas as lutas, pressões e diplomacias seriam canceladas pela força do bastão.

Fica a faltar o metro. Mas esse, diz quem sabe, talvez nunca cá chegue. Por agora, é tempo de desfrutar da nova variante, do desanuviamento automóvel no centro da nossa cidade e da melhoria substancial da mobilidade e qualidade de vida de todos os trofenses. Chegou tarde, mas mais vale tarde do que nunca. Caso para dizer que o futuro demorou, mas passou por aqui.

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