Crónicas e opinião
Urbanismo à moda da Trofa
Mas ainda a nova lei não entrou em vigor, e já assistimos a novos episódios de construções que avançam à revelia das melhores práticas. Tal parece ser o caso dos dois prédios que vão nascer em frente ao estádio do CD Trofense, que muito falatório tem gerado na cidade.
Nunca me vou esquecer das palavras do meu amigo Pedro, estudante de Geografia com quem me cruzei na Universidade do Minho há 20 anos, que, conhecendo as minhas raízes trofenses, sempre se metia comigo dizendo algo que ouvi a outros colegas seus: que a Trofa era frequentemente mencionada, por diferentes professores, como exemplo de urbanismo a não seguir.
A má organização do território trofense tem vários culpados. Mas a herança recebida do consulado tirsense é a origem da tragédia. Não obstante, sucessivos executivos pouco ou nada fizeram para inverter este estado de coisas, com a excepção de uma pequena zona central de São Martinho de Bougado, que vai da antiga estação ao edifício dos Paços do Concelho. Fora desta pequena bolha, muito bem conseguida, tem valido quase tudo.
Exemplo disso é a proliferação de grandes supermercados na avenida que atravessa a cidade da Trofa, desde a fronteira com Ribeirão até à rotunda da Trofa Velha. São 7 superfícies comerciais, às quais se juntam fábricas e grandes armazéns, mais ou menos à face da estrada, numa zona que, idealmente, seria sobretudo habitacional.
Para não falar na bomba de gasolina da Prio, cuja construção foi autorizada no meio de uma zona residencial, a poucos metros do ciclo da Trofa, pese embora a proximidade da bomba da BP, junto à Igreja Nova. Por isso não, a Trofa e os trofenses não precisavam daquela bomba de gasolina ali. Os únicos interessados naquela aberração urbanística foram aqueles que lucraram com ela.
Os exemplos são mais que muitos e, aparentemente, não aprendemos grande coisa com a balbúrdia herdada de Santo Tirso. E não só não aprendemos, como continuamos a fazer o mesmo. Pelo preço certo em euros, quase tudo parece possível nesta cidade.
A nova lei dos solos, tão falada nas últimas semanas e tão pouco debatida no espaço público, é um convite ao agravar desta situação. A sua aprovação facilitará ainda mais a vida a quem pretende impor os seus ganhos económicos à custa do bem-estar de todos os trofenses. Uma lei que dará carta verde à especulação imobiliária e que terá como resultado mais caos urbanístico. E financiamentos para a campanha que se avizinha.
Mas ainda a nova lei não entrou em vigor, e já assistimos a novos episódios de construções que avançam à revelia das melhores práticas. Tal parece ser o caso dos dois prédios que vão nascer em frente ao estádio do CD Trofense, que muito falatório tem gerado na cidade. E, ao contrário do que alguns vão argumentar, não se tratam de manobras da oposição. Foi sobretudo de figuras próximas da direita local, de pessoas bastante conservadoras e tradicionalistas, que li e ouvi as críticas mais duras a ambas as construções.
Ao que tudo indica, o prédio que vai nascer junto à nova rotunda, à beira da qual se construiu o novo LIDL – fazia-nos falta mais um supermercado naquela avenida – ficará praticamente em cima da estrada nacional. Trocado em miúdos, a boa circulação pedonal será sacrificada em nome do interesse privado do construtor. Da mesma forma que o bem-estar dos residentes das ruas Alfredo Costa Peniche e Costa Ferreira foi sacrificado em nome do interesse privado do proprietário do posto de combustível da PRIO.
Estes casos são a ponta de um icebergue maior. Um icebergue que abalroa o urbanismo trofense e permite uma construção caótica que prejudica a qualidade de vida dos trofenses.
Até quando?
Até ao dia em que os cidadãos se fartarem de serem peões num tabuleiro de interesses, favores e portas giratórias que comanda e sempre comandou os destinos do nosso concelho.
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