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Edição 570

Uma seta amarela, na Trofa

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Sabe que o Caminho de Santiago, via Braga, atravessa o concelho da Trofa. A propósito, vem a caminho uma dupla jornada sobre este tema, numa iniciativa da Associação para a Protecção do Vale do Coronado (APVC) e do Clube de Campismo da Trofa (CCT), em parceria com outras organizações e gente resiliente.
No sábado, uma palestra. É o primeiro episódio do Ciclo de Conversas APVC, às 21h00, na Junta de Freguesia do Coronado (na sede, em São Romão). A palestra é de entrada livre. Também incluirá declamação de poesia a cargo de Alexandra Santos. Na calha, dois oradores: Manuel Araújo – investigador, sobretudo, de temas ligados à Fotografia, à História e ao Património. Dedica-se ao estudo dos Caminhos de Santiago. Desenvolve actividade como Técnico Superior no Arquivo Histórico do Porto – e André Tomé Ribeiro – presidente da APVC. Investiga e percorre, como peregrino, o Caminho de Santiago. E, poucos dias após esta palestra, iniciará nova jornada a caminhar rumo a Santiago.
No domingo, a segunda edição da caminhada, numa perspectiva cultural, ambiental e paisagística. Às 09h00, partida! Pela frente, 13,4 km. Do Coronado (Largo de Trinaterra) até Bougado (junto à Ponte da Lagoncinha), percorreremos parte do belo Vale do Coronado, Covelas e o Monte de Paradela.
 Em 2012, realizamos a primeira edição desta caminhada, numa chuvosa manhã de 1 de Maio que, mesmo assim, contou com quase 100 participantes. Umas semanas antes, nas manhãs dominicais de Março e Abril, 14 voluntários do CCT, da APVC e da ACRABE fizeram a identificação e remarcação do “Caminho trofense”. A jornada de trabalho pretendeu proporcionar mais informação e segurança aos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela. Dessa altura, recordo-me de um curioso episódio, aqui, no Coronado, algures perto da Capela do Divino Espírito Santo. Uma singela “Ti’ Maria” viu a dita equipa de voluntários a “pintar umas setas amarelas” e interrogou-nos sobre o que andavamos ali a fazer: “Isso é para a campanha eleitoral? Ui, essas setas amarelas são de que partido?!”. Lá lhe explicamos a coisa. Pois é, há gente que ignora a passagem do Caminho de Santiago mesmo à sua porta. É certo que, depois destas iniciativas, mais gente olhará com outros olhos para os tais caminheiros desconhecidos, com mochila – alguns até são estrangeiros, veja lá – e até mesmo “aquelas setas” já não provocarão tanta estranheza ou, quiçá, deixarão de parecer típicos rabiscos de miúdos.
 Muito há para fazer! E, principalmente, nas zonas de Covelas e do Monte de Paradela. Ali, o horizonte até fica mais longe e, por isso, abre o Mundo e a vista é soberba, é! Mas, também por ali, o horizonte imediato é dantesco: o Caminho está transformado em depósito de lixo e, mais grave, virou pista de “lavra” dos adeptos dos desportos motorizados ditos radicais – sim, aqueles que já nesta coluna da APVC, em Fevereiro último, tive o cuidado de destacar. Mas há mais: os eucaliptos e as mimosas/austrálias tomaram conta da paisagem – salva-se o simpático Bosque de São Gonçalo, com espécies autóctones, plantado nestes últimos dois anitos por voluntários pró-floresta autóctone (APVC incluída).
Muito há para fazer, cuidar! O “Caminho-diamante” está por lapidar. Tem lixo, eucaliptos, motores a assapar como se não houvesse amanhã. E mais: não tem albergue nem sinalética adequada. Tem corajosos peregrinos – bastantes – que, regularmente, apesar das adversas condições deste troço, lá seguem rumo a Santiago e, por estas paragens, mereceriam outra atenção.
Muito há para fazer, cuidar, promover! O alerta vai direitinho para a classe política, sim, os executivos da Câmara Municipal da Trofa e das Juntas de Freguesia do Coronado, de Covelas e de Bougado. Outras câmaras e juntas de Portugal – e também de terras espanholas e francesas – já arregaçaram as mangas. Por cá, quem avança?
 Nós, sociedade civil, mesmo sem recursos financeiros ou logística, estamos a fazer o nosso papel: cidadania activa em prol de algo que pode/deve ser uma das bandeiras do concelho da Trofa.
Lembro que o Ciclo de Conversas APVC terá novas etapas, sempre à volta de temas emergentes: Ambiente, Ruralidade, Cultura, Património, Cidadania. E aceitamos sugestões! Mas enquanto não chega o segundo episódio, a associação ambientalista do Coronado vai bulir, com fartura: celebração do Dia Internacional do Burro; manutenção da Poça Nova; celebração do nono aniversário; controlo de plantas invasoras; terceiro workshop de Agricultura Biológica; terceira ZURRA – Festa do Burro; e muito mais… Pois é, connosco, não há desculpazecas da crise ou caminhadas no hipermercado mais próximo!

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