Ano 2008
Uma romaria com mais de dois séculos de história
Já há algumas dezenas de anos atrás o arraial era caracterizado como "vasto" e "lindíssimo", onde havia "muitas barracas com vinhos e comidas, doces e outros géneros" e tudo desaparecia rápido, "apesar de farnéis bem recheados que, para aqui, são conduzidos".
Uma história com mais de dois séculos. A romaria das Senhora das Dores da Trofa é já uma relíquia dos nossos tempos e continua a ser a mais representativa do concelho…com as suas diferenças, aquelas a que obriga o século XXI.
Há algumas dezenas de anos atrás à festa chegavam "muitos boios cheios de romeiros e o mesmo de outras localidades distantes; além de trens particulares, cavalgaduras e ranchos que vêm de diferentes partes", conta o escritor Napoleão Sousa Marques, no seu livro Roteiro Turístico-cultural da Cidade da Trofa. O mesmo registo aponta ainda que "muitos levam cestos, malas e trouxas com os componentes merendeiros, outros levam violas, rebecas, clarinetes, bombos, etc…, que tangem, em todo o caminho e no arraial, dançando homens e mulheres, ao som destes instrumentos". O arraial era caracterizado como "vasto" e "lindíssimo", onde havia "muitas barracas com vinhos e comidas, doces e outros géneros" e tudo desaparecia rápido, "apesar de farnéis bem recheados que, para aqui, são conduzidos".
Já naquele tempo a procissão, "com seis andores", realizava-se "depois da festa da igreja". Os andores "quase todos de altura considerável" eram o "luxo destas terras. Cada um levado por vinte homens".
"São sempre muito os anjinhos, vestidos com grande magnificência, e carregados de grossos cordões de ouro, em tanta quantidade e de tão grande peso, que as pobres crianças vão ajoujadas".
No livro lê-se ainda que "nos dias de hoje, a romaria da Senhora das Dores foi integrada nas "Festas da Trofa", que mantêm de outrora a procissão com andores de elevada altura e aparato e o seu cortejo de anjinhos e figuras bíblicas é admirado por milhares de pessoas".
Sete espadas representam dor da Senhora
A Nossa Senhora das Dores surge representada com sete espadas que trespassam o seu coração imaculado. Aquando da Paixão e Morte de seu Filho, foi trespassada por uma "espada de dor", mas uniu-se ao sacrifício de Jesus, enquanto redentor e sendo por isso chamada pelos teólogos de "Corredentora do Género Humano".
O Rosário das Lágrimas (ou Terço das Lágrimas), com 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada, é também um símbolo da santa que aparece também frequentemente representada com uma expressão dolorida diante da Cruz, contemplando o filho morto ou então segurando Jesus morto nos braços, após descer da Cruz.
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