Ano 2012
Um ano de refeitório social
O refeitório Porta de Sabores está aberto desde dezembro de 2011 e serve, diariamente, uma média de 40 refeições. Voluntários e parceiros possibilitam prossecução do projeto da Cruz Vermelha.
Faz esta quinta-feira um ano, que as primeiras refeições foram servidas no refeitório social, que nasceu da parceria entre a Câmara Municipal da Trofa e a Cruz Vermelha. Num lugar recatado da feira/mercado da Trofa, o Porta de Sabores abriu com 18 utentes, mas atualmente serve uma média de 40 refeições diárias.
Desde a abertura e até ao dia 7 de dezembro, foram servidas “6787 refeições”, um número para qual os responsáveis da Cruz Vermelha olham com alguma preocupação. “É um pouco assustador. Nunca pensamos que iríamos servir tantas refeições e dar resposta a tanta gente. Isto é tudo obra da Trofa, não há aqui nenhum acordo com a Segurança Social. é um balanço muito positivo, porque estamos abertos, com voluntários e todo o apoio da comunidade”, relatou Carla Lima, técnica da instituição.
Durante o período de funcionamento, houve “muitas entradas e saídas de utilizadores”. Houve alguns que não voltaram por verem melhoradas as condições de vida e outros que tiveram que regressar. O mês mais concorrido foi “entre 13 de abril e 13 de maio”, com “55 utentes”, afirmou.
As expectativas foram excedidas e o espaço que a autarquia cedeu já é pequeno para tantas solicitações. Segundo a técnica, “a Junta de Freguesia de S. Martinho de Bougado vai ceder um armazém para guardar os alimentos”. “Houve um grande aumento de utilizadores e isso implicou um aumento de voluntários. Destes, há alguns que são acompanhados, no âmbito da ação social, para promover a sua integração”, frisou.
Para fazer face à elevada procura, também as dádivas tiveram que aumentar. Segundo Carla Lima, a Porta de Sabores conta com “parceiros fundamentais” que possibilitam que esta se abra cinco dias por semana. “Vemos que ainda há pessoas dispostas a ajudar. Tivemos uma verba mensal de apoio da autarquia e, na feira semanal, os vendedores dão-nos os legumes que estão bons e que podemos aproveitar. Temos a JMR que nos faz o pagamento do gás e a Frutas Ramalho que nos vai dando uma vez por semana alguns donativos. Até pessoas anónimas também deixam contributos, como abóboras, cebolas e nós recebemos tudo, porque tudo é bem-vindo e é pouco, porque com o aumento de utilizadores, com mais gente a precisar, também temos que nos precaver”, asseverou.
Há casos de pobreza conhecidos da instituição, mas muitos outros novos surgem com o agravamento da crise: “Há casais muito novos que nunca tiveram que recorrer a estes serviços. São pessoas que chegaram ao limite na procura de emprego e que nunca esperariam encontrar-se nesta situação”.
A partir do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar, no final do ano, a Cruz Vermelha espera apoiar alguns utentes com os géneros alimentares, para que estes os possam confecionar. “Se têm capacidade e conseguem fazer a sua refeição, esse momento deve ser promovido”, justificou.
Também os utilizadores do Porta de Sabores são sujeitos a “momentos de formação ao nível da saúde, higiene e empregabilidade”, pois “não é só chegar para almoçar, mas também proporcionar a integração deles na sociedade”.
Carla Lima também não esquece a colaboração dos voluntários: “O Porta de Sabores mantém-se, porque temos voluntários cinco dias por semana a cozinhar”.
A Cruz Vermelha assinalou o primeiro aniversário do refeitório social com um almoço especial. Em paralelo com o Projeto TER Prevenção, uma turma de Serviço de Mesa e Hotelaria da EB 2/3 de S. Romão do Coronado serviu o almoço, na escola, aos utentes, enquanto a turma CEF de CAD (Desenho Assistido por Computador), da EB 2/3 de Alvarelhos preparou a animação.
As pessoas que quiserem ser abrangidas pelo Porta de Sabores devem dirigir-se à Loja Social, a qualquer dia da semana, entre as 9.30 e as 17.30 horas, onde será atentido por um técnico, que fará o encaminhamento. Para levarem a refeição para a noite, os utentes devem levar recipientes.
O ano de 2013 não se adivinha fácil, pelo que a Cruz Vermelha espera que haja novos casos de apoio ao nível do refeitório social.
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