Edição 778
“Tempos de Lavoura” – A agricultura em Alvarelhos no decorrer da Primeira Grande Guerra
Portugal e a Europa estavam envolvidos num conflito que iria mudar profundamente a economia, a sociedade e também a política. Alusão para a Primeira Grande Guerra, que teve o seu princípio em 1914.
O escrutínio que irá ocorrer nesta crónica refere-se ao ano de 1918, próximo do término deste conflito.
Um país que, naquela circunstância histórica, estava a braços com uma economia agrícola, com claras dificuldades em desenvolver-se, sobretudo fazer mover as alavancas da industrialização, esperava que a agricultura fosse a sua salvação, quer financeira, como também de garante de vida para os elementos da comunidade.
Os periódicos próximos aos partidos republicanos eram puramente demagógicos, defendiam que a economia nacional era claramente autossuficiente com vários produtos agrícolas que poderiam facilitar inclusivamente a exportação.
A industrialização no futuro território trofense estava atrasada quando comparada com outros da região, nomeadamente do Vale do Ave, fazendo com que a agricultura continuasse a ter uma importância desmedida na economia.
Várias as freguesias podiam ser escolhidas para escrutinar a evolução do seu tecido agrícola, mas, por mero acaso, a escolha recaiu sobre Alvarelhos, que, ironicamente, também foi o território que acolheu as primeiras unidades industriais neste concelho.
A sua lista de produtores é bastante extensa, aproximadamente uma centena, um número importante e de valorizar se comparada com outras freguesias, demonstrando a vitalidade económica desta região.
A sociedade vivia tempos excecionais e era necessário perceber a produção nacional para tentar delinear uma estratégia de combate à possível fome que era uma realidade que se tornava cada vez mais presente no horizonte.
A produção de trigo naquela freguesia era elevada superior a 37 mil toneladas, um número considerável se comparado, possivelmente, com a atualidade, reconhecendo que não tem dados relativamente ao presente. A produção de outros cereais, nomeadamente o milho era residual, o que não deixa de surpreender por razões óbvias se comparado com a atualidade.
Os produtores de centeio eram os produtores existentes em maior número, uma outra variação relativamente ao presente, demonstrando que a história é mesmo uma caixinha por abrir.
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