Edição 579
Sim trofense, continua a pagar a água mais cara do país
Além de ter o tarifário de abastecimento de água mais caro, o concelho da Trofa tem ainda a fatura mais pesada quando se juntam os serviços de saneamento e recolha dos resíduos sólidos urbanos.
Fala-se tanto em rankings mas, pelo menos, num a Trofa lidera há já vários anos. O senão é o peso que isso tem para a carteira da população, que paga a tarifa de água mais cara do país. A DECO (Defesa do Consumidor) voltou a colocar o concelho trofense no topo dos que apresentam maior fatura de abastecimento de água aos munícipes. E não só. Na soma dos serviços de água, saneamento e recolha de resíduos sólidos urbanos, a Trofa lidera a lista nacional, “com uma conta anual de 501,32 euros” para um consumo de dez metros cúbicos de água por mês. A maior parte do custo está associada ao abastecimento de água: 253,31 euros.
Em 2016, de acordo com o contrato de concessão assinado com a Indaqua, o preço do consumo de água na Trofa (e em Santo Tirso) subiu 3,5 por cento, à semelhança do que já tinha acontecido no ano anterior.
Do outro lado, com o tarifário mais baixo no abastecimento de água está Mondim de Basto, com um custo de 45,60 euros para um consumo anual de 120 metros cúbicos, analisou a DECO. Uma diferença de 207,71 euros para o que é faturado na Trofa.
Na soma dos três serviços, com o mesmo consumo, é Mora que apresenta a fatura mais baixa: 103,68 euros.
No estudo que foi dado a conhecer recentemente, a DECO observa ainda que as discrepâncias entre os municípios surgem logo “no primeiro escalão” que, assim como o segundo, “deve estar acessível à população”. “Em Figueira de Castelo Rodrigo, Santo Tirso, Trofa e Vila do Conde, paga-se quase um euro por metro cúbico consumido, um preço bastante elevado de quase cinco euros para os primeiros cinco metros cúbicos, considerados um mínimo de água essencial à sobrevivência. Por exemplo, em Lisboa, paga-se apenas 29 cêntimos”, explicou.
Segundo a DECO, o estudo revelou ainda que as concessões são as responsáveis pelos preços mais elevados, ou seja, “dos 20 municípios com preços mais elevados para o consumo mensal de 10 metros cúbicos, 17 são concessões”.
“O dinheiro desembolsado pelos municípios para pagar a água em alta (captação), mais cedo ou mais tarde, acaba por se refletir na fatura paga pelo consumidor. Nada que não esteja previsto na lei, mas que é cúmplice de contratos desequilibrados, que não preveem economias de escala para baixar o custo de produção, a exclusão do pagamento de consumos mínimos pelos municípios e uma aposta séria na eficiência”, concluiu a DECO.
A DECO analisou 135 municípios e 405 tarifários de abastecimento de água, saneamento e resíduos sólidos, em vigor em maio de 2016.
Recorde-se que o contrato de concessão da Trofa com a Indaqua é comum a Santo Tirso, foi assinado em 1999 e é válido por um período de 35 anos.
Para um consumo de 120 metros cúbicos anuais de água
Abastecimento de água
Trofa/Santo Tirso: 253,31 euros
Mondim de Basto: 45,60 euros
Saneamento
Mora: 12,88 euros
Torres Vedras: 175,66 euros
Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU)
Monção: 8,76 euros
Albufeira: 126,51 euros
Fatura dos três serviços
Trofa: 501,32 euros
Mora: 103,68 euros
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