Ano 2010
Sessão Solene para assinalar 25 de Abril
Pela primeira vez na história do concelho, o 25 de Abril foi assinalado com uma Sessão Solene, organizada pela Câmara Municipal, que decorreu domingo, no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários da Trofa.
Os cravos surgiam um pouco por toda a parte: nas mãos das crianças, nas lapelas e nos arranjos florais, mostrando que continuam a ser o maior símbolo da Revolução de Abril. A menina mais nova dos Meninos Cantores do Município da Trofa recebeu a Presidente da Câmara Municipal, Joana Lima, oferecendo-lhe uma dessas míticas flores encarnadas.
Foram também os Meninos Cantores que abriram a Sessão Solene, com o cântico de Abril “Uma gaivota voava, voava”, lembrando que “somos livres, somos livres, não voltaremos atrás”.
Foi imbuído pelo espírito deste cântico que João Fernandes, Presidente da Assembleia Municipal abriu os discursos da tarde, parabenizando “o Executivo Camarário e particularmente a sua Presidente, ao assumir que o 25 de Abril está vivo”. João Fernandes sublinhou que “sendo um dos quatro concelhos a quem Abril abriu as portas”, “a Trofa como concelho é, pois, neste dia, não apenas mais um concelho do país, mas um dos pouquíssimos concelhos que só Abril tornou possíveis”. O Presidente da Assembleia Municipal considerou a celebração do 25 de Abril como “o reconhecimento da importância do papel que muitos trofenses desempenharam na procura dessa conquista, independentemente da atitude mais ou menos calculista que alguns privilegiaram nessa altura”.
Porque o 25 de Abril é sinónimo de liberdade e igualdade, todos os partidos com assento na Assembleia Municipal tiveram a oportunidade de discursar e expressar aquilo que defendem para a Trofa.
Carlos Martins, representante do CDS-PP, levou “20 reguadas” já depois do 25 de Abril, na escola primária, por ter escrito numa redacção que “um passarinho deixava a gaiola” numa clara alusão à Revolução de Abril, através da qual o povo deixou de estar preso. Hoje, afirma levar “40 reguadas” porque “democracia existe, muitas vezes, só de nome. Não há igualdades, não há justiça e todos nos sentimos revoltados com aquilo que se passa nos dias actuais”. O Presidente da Junta de Freguesia do Muro lembrou as palavras de Cavaco Silva nesse mesmo dia, “a região Norte está abaixo da média da União Europeia. Nestes 36 anos, o Norte tem sido descapitalizado, cada vez há mais desemprego e as grandes indústrias desapareceram do Vale do Ave.” “É preciso olhar para o Norte e não podemos ter medo do Terreiro do Paço”.
“Olhem pela nossa sociedade, olhem pelo futuro, porque a sociedade está a ficar obsoleta e a perder os valores que o 25 de Abril nos deu”, este foi o conselho deixado por Carlos Martins, dirigindo-se às crianças no final do seu discurso.
O PSD fez-se representar por António Barbosa que considera “relativa” a importância desta solenidade, já que é a que “menos lembrará o 25 de Abril”. É “uma ironia histórica” “encher salões nobres com aqueles a quem se convencionou chamar as forças vivas, para celebrar o dia em que o povo saiu à rua”.
Depois de uma resenha histórica sobre o contexto em que se deu o 25 de Abril, as críticas continuaram, desta feita, sobre a actualidade do país e da Trofa, entendendo como “fundamental”, “responsabilizar cada vez mais os intérpretes políticos pelas suas obras ou ausência delas e pelas suas decisões ou indefinições”. Este membro da Assembleia Municipal não abordou as questões estruturantes do poder local, uma vez que “não é hoje (domingo, 25 de Abril), o tempo apropriado para essa reflexão”. António Barbosa acredita que “nos próximos meses saberemos continuar a honrar a liberdade e a democracia que nos foram devolvidas há 36 anos atrás”. Estas declarações referiam-se, em especial, à possibilidade da realização de um referendo sobre a localização dos Paços do Concelho.
Pelo PS, discursou Pedro Ortiga, membro da Assembleia Municipal. Para o socialista, a actuação dos Meninos Cantores foi a prova de que o 25 de Abril “não é passado”. “Foram os Capitães de Abril que fizeram com que fosse possível” realizar esta cerimónia, “independentemente da faixa etária ou ideologia, podendo partilhar livremente opiniões”. Nessa sequência lembrou que “cada trofense sabe o que é melhor para si e sabe fazer as suas escolhas, conforme a sua consciência, não estando obrigado à comunhão imposta de ideias”. Pedro Costa, embora não tenha vivido o 25 de Abril, lembrou que “a liberdade de voto conseguida com o 25 de Abril” é, também, sinónimo “daquilo que o povo trofense quer na direcção e no progresso da nossa terra”.
Joana Lima foi a última a usar da palavra para garantir que “o 25 de Abril” é o garante de que “sempre que o povo quer, o povo pode e sabe conduzir o seu destino comum pela sua vontade”.
A edil trofense fez uma analogia entre “a conquista da liberdade” e “a edificação de um concelho: um trabalho árduo, intenso, por vezes difícil, mas sempre gratificante”, agradecendo à Comissão Promotora de Trofa a Concelho “o trabalho que tiveram para que fosse possível” estarem a realizar a cerimónia “em nome do concelho da Trofa, representando-nos a nós próprios”. “Esta é a homenagem da Trofa a todos os que mudaram Portugal”, rematou Joana Lima.
Todos os partidos com assento na Assembleia Municipal mostraram, de alguma forma, “satisfação” com a realização da cerimónia e, sobretudo, com a presença em grande número dos cidadãos trofenses, que provaram que o 25 de Abril continua vivo e actual.
A fechar, os Meninos Cantores cantaram o hino nacional acompanhados por todos os presentes.
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