Ano 2012
Ser dador de medula óssea vai ser mais fácil (c/video)
Com o intuito de criar um Banco Municipal Virtual de Medula Óssea, através de um protocolo entre o Centro de Histocompatibilidade do Norte, Lions, Câmara Municipal da Trofa e juntas de freguesias, foi organizada uma reunião, na segunda-feira, para conhecerem os seus objetivos.
No sentido de articular esforços para a criação de um Banco Municipal Virtual de Medula Óssea, a biblioteca da Casa da Cultura da Trofa recebeu, na segunda-feira, dia 12, elementos do Lions Clube da Trofa, Helena Alves, diretora do Centro de Histocompatibilidade do Norte (CHN), José Magalhães Moreira, em representação da Câmara Municipal da Trofa, e seis presidentes das juntas de freguesia. Esta reunião foi um trabalho dentro do concelho, para criar esta sensibilidade e de levar esta mensagem de forma a podermos concretizar este projeto aqui na Trofa”, adiantou Helena Alves.
Segundo a diretora do CHN, a ideia de fazer este protocolo partiu de José Carneiro quando teve conhecimento de um muito semelhante ”àquele que tem a Câmara Municipal de Penafiel”.
Helena Alves afirma que o protocolo “é uma coisa simples”, que consiste na disponibilização, por parte do CHN, de material informativo e de apoio logístico à organização de recolha de dadores. Também as juntas de freguesia
têm um papel fundamental, fornecendo material informativo e participando nas ações de educação para o transplante e educação para a saúde, junto das escolas e população em geral. Além disso, poderão ter um pré-registo das pessoas interessadas em serem dadoras, para depois organizarem “ações de recolha com um número pré-definido”. “A disponibilidade de instalações do município, para a organização das brigadas, será também umas das disponibilidades que a autarquia terá para com este projeto e para com o Centro de Histocompatibilidade do Norte”, acrescentou.
A diretora afiançou que o Lions Clube da Trofa ”sempre foi muito ativo no apoio quer na dádiva de sangue, quer na doação de medula óssea”.
José Carneiro, assessor do pelouro do sangue da associação do Lions Clube da Trofa, quando soube do protocolo existente entre o CHN e a Câmara Municipal de Penafiel, entrou em contacto com Helena Alves. Depois de receber todas as informações necessárias, contactou o vereador do pelouro da ação social e vice-presidente da Câmara Municipal da Trofa, e propôs fazerem um protocolo. Com uma reação positiva, José Carneiro forneceu-lhe todos os dados, sendo que, neste momento, a autarquia trofense está a preparar o documento.
O assessor salientou a importância da participação das juntas de freguesia: ”Há muita gente que quer inscrever-se, mas, por uma questão de comodismo, não tomam iniciativa para irem ao Porto fazerem essa inscrição. Mas se nós e os presidentes de junta tivermos um trabalho persistente nas suas freguesias, tenho a certeza que vão aparecer muitos dadores”, salientou.
José Carneiro, que já está habituado a trabalhar na área do sangue, lamenta que a sensibilidade das pessoas só seja motivada “por um problema grave de saúde que exista no seio familiar”, realçando que é importante ”estarmos preparados para ajudar alguém que precise”. Para isso, haverá uma sensibilização junto dos jovens, a partir dos 18 anos, para que se inscrevam e ajudem alguém. O assessor relembrou um caso que houve em Santiago de Bougado, onde a senhora acabou por falecer, por a medula óssea, que vinha do Iraque, não ter chegado, devido à guerra, para expressar a necessidade de haver um maior número de dadores inscritos, ”para estarmos mais tranquilos”.
Com este protocolo, prevê um aumento de dadores na Trofa, sendo preciso fazer ”um trabalho no terreno para que as pessoas se venham inscrever”. “Eu acredito que, se as pessoas forem bem informadas e se houver uma boa sensibilização, a nível local, este protocolo vai dar os seus frutos e as inscrições vão aumentar”, finalizou.
Para José Magalhães Moreira, vice-presidente da Câmara Municipal e vereador do pelouro da Ação Social, que esteve ligado às colheitas de sangue e de medula óssea quando foi presidente do Lions, ver este protocolo tornar-se realidade ”é uma sensação muito boa”. “É um caminho que devemos trilhar em conjunto com o Lions, porque é a instituição do nosso concelho que tem prosseguido este objetivo de recolha de sangue para o Hospital de S. João”, assegura, informando que sete por cento do sangue consumido no Hospital de S. João era doado pela Trofa.
”Nós faremos todos os possíveis para que, conjuntamente com as juntas de freguesia e o Lions, encontremos potenciais dadores que se possam inscrever. O impresso que tem que se preencher é relativamente complicado. As juntas de freguesia e os serviços municipais devem estar devidamente instruídos, no sentido de ajudar as pessoas nesse preenchimento”, afirmou, frisando que “é preciso aumentar as potencialidades dos dadores para serem, de facto, dadores e não só potenciais”.
Dadora de medula óssea deu o seu testemunho
No público presente estava Sandra Areal, que deu o seu testemunho quando soube que poderia ser uma dadora de medula óssea. Há cerca de cinco anos inscreveu-se como dadora, tendo recebido, o ano passado, uma chamada do CHN a comunicar-lhe que havia uma compatibilidade em quatro por cento com um doente.
A possível dadora sentiu-se muito feliz, melhor do que se lhe “tivesse saído o Euromilhões”. Infelizmente ”o doente não aceitou os primeiros tratamentos”, acabando por não se concretizar a “dádiva de medula óssea”.
No final Sandra Areal deixou uma mensagem a toda a comunidade: ”As pessoas que precisam de medula, são aquelas que precisam de sangue, que sofrem, são pais de família, são filhos de alguém. Que realmente precisam de viver e que realmente o pouco que nós damos, porque não nos faz falta, não nos prejudica em nada, vai fazer com que essa pessoa renasça e que crie mais laços, mais família e que seja muito mais feliz. No fundo é algo que podemos dizer que do outro lado, independentemente do país, da raça ou da língua, têm algo que nós demos, que teve utilidade, que deu vida e é uma esperança muito grande”.
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