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Edição 619

Respostas sociais de excelência

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O Estado português deveria assumir por inteiro, a responsabilidade da proteção dos cidadãos mais frágeis da sociedade, principalmente os mais idosos, pois as pessoas pagam os seus impostos, na expetativa de virem a ser protegidos, quando chegarem a uma idade mais avançada. Lamentavelmente, as diferentes governações do país têm privilegiado mais a juventude em detrimento da velhice.
Portugal continua a ser um país de profundas desigualdades sociais, embora este paradigma tem vindo a mudar, graças à sociedade civil que tem respondido com afinco a esta problemática, com a criação de estruturas que têm dado respostas sociais de excelência, em diversas valências. Nos últimos anos, estas respostas mais que triplicaram, quer através das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), quer através das Misericórdias e outras instituições humanitárias e de cariz social.
Por falta de respostas dignas, por parte do Estado português, a sociedade civil foi preenchendo com eficácia as lacunas existentes. Atente-se ao que aconteceu no Concelho da Trofa, que é um bom exemplo do «milagre» da multiplicação deste tipo de instituições, que dão excelentes respostas, embora umas mais que outras, mas todas com uma enorme vontade de servir as pessoas, sem terem por objeto o lucro, mas com o desígnio de dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos, minimizar as situações de carência social da população e colmatar as situações de exclusão social, e ajudar na erradicação da pobreza.
Na data da criação do Concelho da Trofa há pouco mais de 18 anos, apenas existiam os Bombeiros Voluntários da Trofa (também com atividades de caráter social de apoio à infância), a Associação de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental – APPACDM (com atividades de apoio social para pessoas com deficiência) e as Conferências de São Vicente Paulo (com a missão da promoção do homem na sociedade através de um sentimento de afeto e respeito pela dignidade de cada pessoa).
Com o advento da autonomia concelhia surgiram várias associações direcionadas para o bem-estar social dos mais frágeis da sociedade, como é o caso da Misericórdia da Trofa (nasceu há mais de 17 anos), a Associação “Muro de Abrigo” (está a festejar o seu 12º aniversário e a iniciar as obras da sua sede social e do Centro de Dia), o Centro Social e Paroquial S. Martinho (com mais de uma década de existência), o Centro Comunitário da Trofa – ASAS (fundado há uma dúzia de anos), a ASCOR – Associação de Solidariedade Social do Coronado (instituída em julho de 2002), a Associação de Solidariedade Social Gota D`Água – Trofa (fundada em 2011) e o Centro Social e Paroquial de S. Mamede do Coronado (abriu as suas portas em 2013).
Para além destas instituições, a Trofa ainda tem o privilégio de ter a Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação da Trofa, o Lions Clube da Trofa, O Rotary Clube da Trofa, a Loja Social da Trofa, Hortas Sociais, Cantinas Sociais, Trofa Solidária (um projeto que tenta eliminar as carências sinalizadas na população) e o CLAS – Conselho Local de Ação Social (um fórum de âmbito concelhio que assenta na participação, representação e articulação entre organismos públicos e iniciativa social privada, com o objetivo de contribuir para a erradicação ou atenuação da pobreza e da exclusão social e de combate às desigualdades sociais.
Tivesse o Estado uma dinâmica idêntica a estas instituições e a qualidade de vida dos portugueses estaria bem melhor, assim como se tivesse sensibilidade para apoiar mais e acarinhar melhor estas iniciativas da sociedade civil, o ato de envelhecimento seria naturalmente acompanhado com mais sorrisos, e seria bem mais feliz.
Alguns grupos económicos têm olhado para a problemática social como uma oportunidade de negócio, criando estruturas com o intuito óbvio de obter lucros, embora falte a algumas, a sensibilidade para lidar com esta realidade, muitas vezes incómoda. Pelo contrário, as IPSS, as Misericórdias e as outras instituições humanitárias e de cariz social, o lucro que procuram é o sorriso dos seus utentes. Estas organizações merecem uma melhor atenção das entidades oficiais, mas também precisam do apoio incondicional de todos, da sociedade civil e do Estado.

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