Quanto vale um deputado?

“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.”
Oscar Wilde

Caro leitor, sente-se representado por um qualquer elemento presente numa lista de candidatos a deputado de um qualquer partido político? Com que critério? Com que rigor? Conhece os candidatos pelo distrito do Porto?

Caro (e)leitor, conhece os últimos deputados que ajudou a eleger? Já agora, qual o trabalho feito por esses deputados? Sabe como os responsabilizar relativamente às “suas” decisões, aliás decisões do aparelho partidário?

Sou claro: o escrutínio político dos seus eleitos é fraco, limitado e inexistente. São reduzidas as possibilidades que tem para premiar ou sancionar aqueles em que anteriormente votou!

A quem afinal prestam contas os seus deputados? A quem devem explicações? A si que os elegeu, a si caro eleitor? Ou então, aos líderes partidários? Sim, líderes partidários, concelhias e distritais que os “escolheram”. Mas, com que critério? Claro, de acordo com o superior interesse nacional, será? Ou outro interesse? Eu sei, você sabe, sabemos todos que os deputados não são os seus representantes, antes sim são delegados dos líderes partidários … por exemplo, perante a cega e rigorosa disciplina de voto.

Caro leitor, sabe que não tem qualquer peso ou influência nas escolhas de candidatos a deputados em que é forçado a votar? Sim, temos em Portugal um sistema eleitoral aprisionado pelos aparelhos partidários.

Questiono: 2024, 50 anos do 25 de abril, para quando uma alteração da Constituição da República Portuguesa? Não deverá o sistema eleitoral representar a vontade de todos os eleitores? Sim, infelizmente, temos, mais uma vez, uma seleção de deputados mais partidária do que popular! Caro (e)leitor, questiono: quando será que listas plurinominais passam a dar lugar a círculos uninominais? Para quando teremos um deputado efetivamente e verdadeiramente eleito pela população e independentemente de um partido político?

Sabia que nas últimas eleições legislativas de 2022, 671.557 votos foram perdidos, já que não foram convertidos em mandatos de deputados? Sim, 13% do total de votos válidos – 1 em cada 7 cidadãos cujo voto não contou! Isto é a democracia a funcionar? Para quando uma reforma do sistema eleitoral? Não é aceitável que numa democracia plena se desvalorizem 671.557 votos. Quantos serão em 2024?

Caro leitor, todos os cidadãos têm de ser capazes de influenciar a composição do parlamento de igual forma!

Com os círculos uninominais teríamos certamente mais interesse, mais verdade, mais representatividade e mais responsabilidade atribuída aos deputados! E sim, atrevo-me a dizer que também veríamos uma menor abstenção. Não votar foi a decisão de 42% dos mais de 10,8 milhões eleitores de Portugal nas eleições legislativas de 2022. Abaixo do recorde de 2019 (51,4%), mas no TOP 3 desde 1975.

Caro leitor, em quem mais confia?
Certamente alguém que você efetivamente conhece, sabe o nome, o seu percurso e os seus objetivos. Sim, defendo um novo sistema eleitoral que aproxime as pessoas da decisão política, dos políticos!

Porque não há uma mudança no sistema eleitoral?

Caro leitor, os deputados atuais, bem disciplinados partidariamente, têm a perfeita noção de que essa mudança para círculos uninominais, implicaria que muitos deles não seriam deputados, longe disso!

Caro leitor, necessitamos de uma nova política, nova gente, de provas dadas, necessitamos de uma mudança assente claramente na meritocracia!