Ano 2010
“Livros ninguém pede fiado”

Os preços dos manuais escolares do 5º ao 12º ano podem rondar entre os 100 e os 294 euros. Para comprar os livros ninguém pede fiado e as encomendas fazem-se com antecedência.
Por estes dias pelo Quiosque da Nini, em Santiago de Bougado, é um entra e sai de pais e alunos que aproveitam os últimos dias para levantar os manuais escolares. Com o cartão de multibanco ou mesmo com dinheiro na mão, os progenitores “abrem os cordões à bolsa” para comprar tudo o que é necessário para a educação dos filhos.
Lá se vão os tempos das extravagâncias na compra do material escolar e no que toca aos livros parece que também há adeptos de uma nova moda. “Nota-se que há mais pessoas a pedir livros emprestados aos amigos e vizinhos”, adiantou Esmeraldina Dantas, proprietária do quiosque.
Isto porque os preços variam entre os 100 e os 260 euros, para quem frequenta a escola do 5º ao 12º ano. Depois da medida implementada pela autarquia trofense, da oferta dos manuais escolares aos alunos do ensino primário, os pais destas crianças já não precisam de fazer tantas contas.
No entanto, os alunos que frequentam o 5º ano vão pagar em média 143 euros pelos manuais escolares, mas menos vão gastar os alunos do 6º ano, cuja factura ronda os 105 euros. Para quem transitou para o 7º ano, os números começam a aumentar e os pais têm de desembolsar cerca de 173 euros. Já os que vão frequentar o 8º ano pagam em média 216 euros e os do 9º ano cerca de 212 euros.
Os valores dos manuais escolares comprados na papelaria Estojo em S. Romão do Coronado já são diferentes, uma vez que o Agrupamento de escolas não é o mesmo e que os livros escolhidos pelos estabelecimentos do Coronado e Covelas diferem dos restantes. Assim, um aluno que frequentar o 5º ano de escolaridade vai pagar por todos os manuais escolares cerca de 198 euros, já os alunos do 6º ano, porque adquirem menos dois livros já comprados no ano anterior, vão pagar 154 euros. No 7º ano os valores oscilam entre os 229 e os 294 euros, caso os pais queiram ou não comprar os livros facultativos. No 8º ano, os valores baixam para os 196 euros, mas quem frequentar o 9º ano terá uma factura de manuais escolares que rondará os 260 euros.
No Ensino Secundário, os valores podem variar consoante as áreas de estudo escolhidas, mas para os alunos de Ciências e Tecnologias, “uma das áreas mais frequentadas”, refere Esmeraldina Dantas, os preços também variam conforme os anos. No 10º ano, 240 euros, no 11º, a factura sobe para os 253 euros e porque no último ano (12º) normalmente existem menos disciplinas o valor desce consideravelmente, 155 euros, no entanto “em alguns casos o valor pode nem chegar aos 100 euros”, acrescentou a proprietária do quiosque.
No dia em que chegavam mais encomendas, Esmeraldina Dantas tentava organizar-se entre a capa com as encomendas, os manuais já separados e os que ainda teria de separar. “As encomendas dos livros chegam sempre com antecedência”, frisou, no entanto existem sempre “grandes perdas”. “Nós não temos retorno e tenho ali uma caixa cheia de livros do ano passado (no valor de 500 euros) para o lixo”, lamentou, visto que agora já ninguém os vai comprar.
José Falcão, responsável pela papelaria Estojo, garante sentir a crise e corrobora o que diz Esmeraldina: “As pessoas recorrem mais aos livros emprestados e quanto àqueles que são facultativos, evitam ao máximo comprá-los”.
No entanto, o mesmo não se passa com a compra do material escolar, isto porque os pais “procuram as marcas”. José Falcão vê todos os dias que os pais “compram porque os filhos pedem”, mas muitas vezes esta é “uma forma de compensar os mais pequenos”.