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Edição 656

Preparar a festa mais cedo à espera da enchente

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A festa de S. Gonçalo é uma das mais esperadas no concelho da Trofa. De 19 a 22 de janeiro, são esperados milhares de pessoas vindas de toda a região. A comissão de festas teve mais tempo para as preparar e reza a S. Pedro para que a chuva seja a única a não aparecer. 

Fernando Rocha já perdeu a conta às vezes que integrou comissões de festas em honra de S. Gonçalo. Consecutivamente, conta agora o segundo ano como presidente, tendo a seu lado uma equipa que também quase não mudou.
Mas ao contrário da corrida contra o tempo em 2017, por se ter constituído a comissão já muito tarde, para este ano houve oportunidade de preparar as festividades com calma, realizando eventos de angariação de fundos que permitiram preparar um programa “melhor” do que os anteriores.
A cantora Maria Lisboa é a cabeça de cartaz, com espetáculo no sábado à noite. Esta foi uma das grandes apostas da comissão de festas, que espera ver “mais público” do que o habitual neste dia.
Fernando Rocha recusa-se a estimar o número de pessoas que passa por Covelas durante a festa de S. Gonçalo, pelas dificuldades inerentes a contabilizar num raio de ação tão grande, mas Jorge Pinto, também elemento da comissão, arrisca a lançar um número: “O ano passado tivemos à volta de 40 mil pessoas a passar pelo recinto”.
No entanto, como diz Fernando Rocha, as condições atmosféricas são “o fator número um” que dita o sucesso ou o fracasso da festa. “Esperamos que alguém olhe por nós”, afirmou, olhando para o céu, como quem lança preces a S. Pedro. É que, se o ano passado o sol foi sinónimo de enchente, em 2013, também Fernando Rocha estava à frente da comissão, a chuva até obrigou ao cancelamento de atividades.
Fernando Rocha não tem dúvidas de que esta festa, depois da que é realizada em honra de Nossa Senhora das Dores, é a mais importante do concelho da Trofa. “Nada se compara ao S. Gonçalo”, sublinhou, para depois sustentar a tese com “o maior bairrismo das gentes e a grande movimentação de pessoas”. “Apesar da modernidade, a tradição mantém-se e vai ser difícil acabar”, vaticinou.

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Puxar a “bengala” ao santo errado 

Uma tradição que também se mantém viva é a de as mulheres solteiras puxarem a bengala a S. Gonçalo, para que este santo casamenteiro as acuda na vida amorosa. Fernando Rocha e Jorge Pinto já testemunharam muitas “puxadelas”, algumas até na “bengala” do santo errado. “Algumas, como não conhecem a imagem de S. Gonçalo, vão puxar a bengala ao S. Martinho”, contaram. Há aquelas que são divorciadas e têm a esperança de que o milagre também se aplique nesses casos e, outras, que vêm de longe para cumprir o ritual. “Num domingo à noite, uma senhora de Braga pediu-nos para abrir a capela, porque queria muito puxar a bengala ao S. Gonçalo”, contou Jorge Pinto.

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