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Ano 2011

Portugal na Europa ou Portugal da Europa?

Publicado

em

tiago-vasconcelos

 

Normalmente estaria a escrever sobre o décimo terceiro aniversário d o nosso Concelho.

Não o faço, porque a autarquia decidiu comunicar que vai anunciar (escrevo este artigo a 22 de Novembro) um plano de reestruturação financeira. Este plano está estreitamente ligado a mais um ano de Concelho e mandato do actual executivo camarário. Não gosto de ser demagógico e injusto, muito menos de forma premeditada. Assim, no próximo artigo não deixarei de abordar mais um aniversário do concelho da Trofa, mesmo que desfasado no tempo.

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Aquando da entrada de Portugal para a antiga CEE, CE a partir de 1992, tivemos de ceder em diversas áreas como, por exemplo, agricultura e pescas. A indústria nacional não se antecipou aos desafios do futuro da época, mantendo a aposta no baixo custo em detrimento da inovação, excepto raros casos de sucesso, algumas multinacionais investiram em território nacional fruto dos enormes subsídios e do baixo custo do factor trabalho. O país vivia uma “euforia expansionista”, onde a despesa aumentava. O acesso ao crédito era moda, comprar carro e casa era simples, os hábitos de consumo mudaram e o consumidor tornou-se mais sofisticado.

Mais tarde, com a progressiva aproximação dos custos de trabalho aos do país de origem dessas multinacionais e o fenómeno dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com a China à cabeça, a provocar a deslocalização da produção para Oriente, surgiu a ideia luminosa do país orientar a sua economia para os serviços. Não é preciso ser muito entendido de economia para perceber que um país não pode viver somente de serviços. O turismo não dá para tudo.

Vivemos os últimos anos insuflados por apoios, subsídios e crédito para manter os padrões de consumo que, entretanto, se tornaram uma forma de estar e viver.

Quando pusemos os pés no chão, já foi tarde. A dívida é grande (País, famílias e empresas) e com surpresas diárias de “facturas na gaveta”, a capacidade de produção está terrivelmente afectada, a desconfiança dos mercados é enorme, o custo da dívida é muito pesado (País, famílias e empresas) o desemprego teima em crescer, a insegurança aumenta todos os dias e há quem ponha o regime em causa. Para mal dos meus pecados, nem o FCP ajuda.

Paralelamente, a Europa viveu os mesmos vícios. Globalmente, sofre da mesma doença com algumas excepções.

A Europa, como um todo, está a perder batalha atrás de batalha contra os BRICS. Eles estão a colonizar a Europa.

Por outro lado, a Alemanha está a conseguir o que não conseguiu pela força das armas. Actualmente, a Senhora Merkel governa a Europa sem o voto dos portugueses. Merkel comanda os destinos do Continente mais antigo. Antigo e amorfo.

Não me parece que a Alemanha e a Europa estejam a seguir a estratégia correcta. Aliás, parece que andam a brincar ao esconde-esconde e já não têm idade para isso. A Europa está sem estratégia e reage tarde e em má hora.

A Alemanha sem uma Europa forte não vai longe. A Europa sem estabilidade e competitividade será comandada pelas próximas (?) potências económicas.

A questão que se coloca é, pois, como é que a Europa consegue atingir o crescimento económico e a estabilidade social?

Tem uma de suas hipóteses: Voltar atrás, cada país por si mantendo o mínimo de aprofundamento económico e político; Dar o passo em frente, caminhando para a união política.

Pelos diversos argumentos económicos, políticos e sociais apresentados pelos defensores de um e outro caminho a tomar, eu opto pela segunda hipótese.

Com o estado actual de aprofundamento da União ou dar o passo atrás, para mim, é a mesma coisa. Ou seja, Portugal é da Europa.

Caso haja aprofundamento da União, a Alemanha pode continuar a mandar, mas todos nós poderemos decidir pelo voto. Os Europeus poderão condicionar a economia europeia através do voto. Portugal estará na Europa e, por incrível que pareça pela suposta perda de soberania (se é que ainda existe), terá uma voz mais forte, mesmo sendo um pequeno país.

Tiago Vasconcelos

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