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Portugal merece (bem) diferente e (muito) melhor

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A legislatura chegou ao fim e este é o momento de se analisar os quatro anos de governação socialista, que teve uma conjuntura financeira internacional muito favorável e uma maioria formada de partidos dóceis, a “geringonça”, a apoiar a sua governação, para além de terem tido uma oposição incapaz de se impor como verdadeira alternativa. Eis algumas ilações que podem ser tiradas das promessas não realizadas, que o PS fez há quatro anos:

  • Descentralização, base da reforma do Estado – não se fizeram reformas nem foi alterada a agregação das freguesias, como tinham garantido que iam fazer e o problema da regionalização continuou na gaveta (o problema da desertificação do interior agravou-se ainda mais);
  • Melhorar a qualidade da democracia – nunca se viu tantas nomeações de familiares para cargos políticos (o nepotismo teve o seu expoente máximo neste governo socialista);
  • Agilizar a justiça – está cada vez mais lenta e mais cara (continua a existir uma justiça para pobres e outra para ricos);
  • Defender o SNS, promover a saúde – nunca se assistiu a um ataque tão feroz e descabido aos profissionais do setor da saúde nem nunca se assistiu a um descalabro tão grave neste setor. Tinham prometido que nenhum português ficaria sem médico de família, só que há povoações com 60% dos habitantes sem médico de família (tudo fizeram para “asfixiar” o SNS);
  • Reagir ao desafio demográfico e promover a coesão territorial – os problemas são os mesmos e nada fizeram nesta área (o país continua macrocéfalo e centralista, nem sequer conseguiram transferir a sede do INFARMED de Lisboa para o Porto, como tinham garantido);
  • Precariedade, educação de adultos, formação ao longo da vida, modernizar o ensino superior, investir na cultura, na ciência e na tecnologia, democratizando a inovação – há muitos anos que não se via tão fraco apoio nestas áreas (está tudo como antes ou ainda pior);
  • Mar – disseram que era uma aposta no futuro, só que continuamos de costa voltadas para o mar (não existe uma verdadeira indústria do mar);
  • Valorizar a atividade agrícola e florestal e o espaço rural – o país continua igual (nada se alterou a não ser a triste realidade dos incêndios que continuam a deflagrar pelo país);
  • Garantir a sustentabilidade da segurança social – a situação agravou-se e nada se fez (nunca a segurança social esteve tão insustentável como se encontra atualmente);
  • Austeridade – embora os socialistas tivessem afirmado que tinham virado a página da austeridade, ela manteve-se. Foi o próprio ministro das finanças que afirmou a um jornal inglês: «o governo atual fez mudanças durante a legislatura, mas não foram grandes mudanças relativamente ao que estava a ser feito pelo anterior executivo liderado por Passos Coelho». (Os investimentos na saúde, na educação, nas redes viária e ferroviária e nas obras estruturantes do país estão praticamente parados, desde que a “geringonça” chegou ao poder);
  • Finanças públicas – A dívida pública e a dívida externa nominal, continuam a aumentar para valores históricos colocando em perigo o equilíbrio das contas públicas (temos a quinta maior dívida do mundo e em nenhum ano os valores orçamentados foram cumpridos);
  • Impostos – o Governo falhou o objetivo de reduzir a carga fiscal sobre as famílias e as empresas, com a carga fiscal a atingir valores históricos, desde 1995 (em termos de rendimentos estamos cada vez mais distantes da média de rendimentos da União Europeia);

    Estes foram alguns dos falhanços e das promessas não cumpridas, mas os socialistas passaram os quatro anos da sua governação a culpar o governo anterior, por tudo que de mal acontecia, mas nunca culparam o governo “socrático” que tinha levado o país à falência e tiveram de pedir ajuda internacional, originando a vinda da “troika”. Parafraseando o programa eleitoral do PS nas anteriores eleições legislativas: Portugal merece (bem) diferente e merece (muito) melhor.

moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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