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Ano 2011

Portugal e a crise (não global)

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moreira-da-silva

moreira-da-silvaA crise financeira, que abalou o mundo, não atingiu todos os países por igual. Mesmo na Europa a crise não é global. Os países com economias mais débeis, e que não tiveram critérios rigorosos de endividamento, foram os que mais sofreram, e continuam a sofrer. Portugal andou a endividar-se à média de um milhão de euros por hora nos últimos dez anos. Também por isso a crise “bateu” forte em Portugal.

O mais “comum” do cidadão poderá fazer a seguinte pergunta: se os países têm dívidas soberanas «colossais», por onde anda o dinheiro? Para uma resposta condicente, terá que ser dito: nem todos os países têm dívidas soberanas; por outras palavras, a crise não “bateu à porta” de todos. Há países que estão a “esfregar as mãos de contentes” com a atual crise, dita de “global”.

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Um caso paradigmático é a situação financeira e económica da China. Embora continue a assumir-se como «um país em vias de desenvolvimento», a China possui as maiores reservas em divisas do mundo. No último ano as reservas em divisas cresceram 18,7%, para um total de 2,2 mil milhões de euros. Estas reservas são equivalentes a perto de um terço do total mundial. É muita divisa nas “mãos” de um único país.

Outro caso paradigmático é o conjunto de países denominados de BRIC’s – Brasil, Rússia, Índia e China, que no seu conjunto já detêm perto de 2,5 mil milhões de euros em divisas mundiais, equivalentes a outro terço do total mundial, e têm aumentado o seu peso no mercado financeiro global.

Embora as sete economias mais industrializadas do mundo, excluindo o Japão que sofreu recentemente um terramoto devastador, cresceram mais depressa do que o previsto, têm sido os países emergentes economicamente, no seu conjunto, que estão a alavancar a economia mundial.

Países com taxas de crescimento muito significativas, na última década, são muitos. Na Europa: Alemanha; França; Rússia; Finlândia e Áustria; na Ásia: China; Índia e Japão; na América latina: Argentina, México e Brasil, que já ultrapassou a França e a Inglaterra e é a sétima maior economia a nível mundial; Na África: Angola, que foi o país do mundo que mais cresceu economicamente, com um crescimento de 11,1%, superior à China que registou no mesmo período um crescimento de 10,5%; Moçambique, que está na lista das dez economias mundiais que mais cresceram nesse período, com um crescimento de 7,9%; Chad que está em sétimo lugar da mesma lista; Tanzânia e até Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

Os países mais frágeis da zona euro (os denominados PIGS, designação pejorativa para Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha), que em termos de crescimento têm tido um comportamento medíocre, são o «elo mais fraco» da economia mundial.

Portugal tem de focalizar a sua atenção nas economias mundiais que poderão equilibrar a balança de pagamentos e ajudar a sair da crise. A diplomacia tem de estar baseada em considerações práticas, em detrimento de noções ideológicas; é a «real politik» na sua plenitude. As embaixadas e consulados portugueses deverão ser os primeiros comerciais do «produto» de excelência que é: – Portugal.

José Maria Moreira da Silva

moreira.da.silva@sapo.pt

www.moreiradasilva.pt

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