Ano 2010
Poesia no café
Prosa ou poesia? Uma das frases que saem é em forma de verso, mesmo a denunciar a resposta. “Natália Correia termina um poema deste modo: ‘oh subalimentados do sonho, a poesia é para se comer’. Eu sigo à risca, como poesia a todas as horas e ainda não enjoei”. Foi desta forma que António Sousa, responsável pela animação cultural da Casa da Cultura da Trofa, explicou a preferência pela poesia, estilo literário que desenvolveu ao longo da carreira.
Esta sexta-feira começou por declamar António Gedeão em pleno café. Os versos entoados por todo o espaço começaram por deixar intrigados alguns clientes do estabelecimento, mas como diz o poeta, “primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
A iniciativa promovida pelo pelouro da Cultura da autarquia teve o efeito esperado. As pessoas entravam no café e acabavam por ficar, ouvindo poemas de Cesário Verde, Camões, Fernando Pessoa e de artistas locais como Fátima Costa, natural de Ruivães, Vila Nova de Famalicão que, apenas com o 4º ano de escolaridade, concretizou o sonho de escrever um livro.
O evento, denominado “Hoje vou ao café… ouvir poesia”, começou em Santiago de Bougado, no Café Convívio, e cumpre o ditado de que “se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé”. António Sousa explicou que esta “é uma tentativa de levar às pessoas o que se faz na Casa da Cultura”. “Trazemos a biblioteca às costas e mostramos às pessoas o que fazemos. Queremos que passem a gostar da poesia, dos livros e da música. Ninguém ama o que não vê e eu acredito que vendo, as pessoas começam a gostar”, referiu.
A luta da Cultura com o sofá é incessante, mas os responsáveis não baixam as armas. “Neste caso específico em que trazemos um tema, pretendemos mostrar que a poesia não é tabu, pois há poesia acessível a todos e alguma popular muito bonita”, afirmou.
Mais do que ouvir poesia, esta iniciativa tinha como objectivo envolver o público e levá-lo também a declamar alguns versos. Luís Elias foi um dos mais participativos e trouxe poesia popular oriunda da Trofa.
Assis Serra Neves, vereador da Cultura da autarquia, foi um espectador atento e pôde confirmar os elogios feitos a António Sousa. “Temos o privilégio de ter connosco um amante da poesia que já deu provas nos concelhos vizinhos do seu talento”, afirmou.
No Café Convívio assistiu-se ao “lançamento da primeira pedra” de uma iniciativa que vai viajar por todo o concelho. “É uma mostra do que se faz na Casa da Cultura e espero que gostem e que dentro de dias comece “uma guerra”, no bom sentido, entre os cafés do concelho para receber este evento”, frisou.
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