Ano 2006
PENSAMENTO ESTRATÈGICO
No nosso quotidiano temos, muitas vezes, tendência para nos preocuparmos com o imediato, com as tarefas do dia a dia e esquecemos aspectos fundamentais que, frequentemente, contribuem para melhorarmos a eficácia e eficiência do nosso trabalho.
Isto é válido para as nossas empresas, para as autarquias e outros serviços públicos mas igualmente na vida pessoal de cada um. Vem isto a propósito do posicionamento da Trofa hoje e do que, desejavelmente, será necessário fazer para atingirmos um patamar de desenvolvimento mais elevado.
Quantos de nós, nascidos e criados na Trofa, não ouvimos já atirarem-nos com afirmações de que a Trofa é um cruzamento de duas estradas com uma estação de caminho de ferro? É verdade que a nossa terra cresceu e se desenvolveu em torno dessas vias com um urbanismo selvagem, sem qualquer tipo de planeamento, com um investimento em infra-estruturas incipiente – este era o retrato da Trofa quando pertencíamos ao concelho de Santo Tirso.
Era, por isso, dura a tarefa de alterar radicalmente a face visível de uma terra tão marcada por erros históricos; mas era igualmente estimulante o desígnio de mostrarmos que, com autonomia política e administrativa, eramos capazes de o conseguir. Não com as receitas habituais, mas encontrando novas fórmulas para os velhos problemas que tínhamos necessidade de ultrapassar.
A primeira coisa a fazer era, necessariamente, definir o nosso posicionamento estratégico no contexto metropolitano e na região.
Questões como: em que áreas podemos ser melhores que os outros, ter vantagens comparativas; com uma estrutura municipal mais exígua e construída de novo podemos ou não prestar melhores serviços públicos e caminhar para a excelência; deveríamos apostar mais no comércio e serviços ou na indústria; era ou não importante atrair um pólo universitário para o concelho; era ou não importante definir rapidamente zonas industriais para atrairmos investimentos para o concelho e criarmos emprego; era ou não importante melhorarmos o planeamento e urbanismo da nossa cidade, buscando mais qualidade na construção e mais espaços verdes; era ou não relevante darmos um conceito de modernidade à cidade, atraindo jovens quadros a fixarem-se na nossa terra.
Estas eram questões relevantes que deveriam ter sido colocadas em 1999. Foram-no?
Cada um dirá a sua opinião e atribuirá responsabilidades a quem entender. Não é isso o mais importante…
O que importa é que não continuemos a viver sem um PDM aprovado que permita definir áreas de expansão da cidade, que modele as intervenções e que evite apostas casuísticas.
O importante é que possamos melhorar o trânsito caótico da nossa cidade que transforma num inferno, diariamente, a vida de milhares de trofenses e de quem nos visita e que se torna num handicap muito significativo para o desenvolvimento económico do nosso concelho. É inacreditável como ao longo de todos estes anos não fomos capazes de criar alternativas de mobilidade na cidade e no concelho.
O importante é que consigamos evitar a sangria dos mais jovens que, nascidos e criados na Trofa, buscam depois outras terras para continuarem a sua vida e constituírem família.
Estes são aspectos determinantes para melhorarmos a qualidade de vida e a auto estima dos Trofenses. E para que consiguemos perpetuar por muitos anos o carácter bairrista e empreendedor das nossas gentes.
Sinto que há hoje na Trofa um sentimento de resignação e de pessimismo quanto ao futuro. Um sentimento bem lusitano que as autoridades públicas não têm conseguido inverter.
No entanto, sou dos que acredito que a Trofa ainda vai vencer, que a resignação dará lugar ao entusiasmo, que o pessimismo dará lugar à esperança.
João Moura de Sá
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