Edição 595
Para alguns intelectuais, pseudointelectuais e outros que tais
A minha consciência não pertence a ninguém a não ser a mim próprio, e podem os “amantes” das esquerdas, que antipatizam com o centro e a direita do espetro político, não concordarem com as minhas palavras, mas convido-os a refletir um pouco mais aprofundadamente a temática tão importante para a humanidade, que é a liberdade, ou mais concretamente a falta da liberdade.
Poderia falar de muitos tipos de ditadura (regime governamental onde todos os poderes do Estado estão concentrados num individuo, num grupo ou num partido), que não autorizam qualquer tipo de liberdade, mas hoje apetece-me apenas falar da ditadura comunista, em virtude dos comunistas portugueses controlarem grande parte do aparelho do Estado, da comunicação social, das manifestações de rua e também já mandarem no atual governo.
Durante mais de sete décadas, desde 1917 (a primeira fase da revolução russa) até 1991 (colapso da União Soviética), mais que uma geração de alguns intelectuais, pseudointelectuais e outros que tais, que se afirmavam de esquerda, foram defensores, e muitos ainda são (vá-se lá saber porquê), de uma das maiores mistificações da história; o comunismo soviético, em que milhões de pessoas foram presas sem razão; foram deportadas, foram exiladas e também executadas, quer nos campos da Sibéria, quer no sinistro edifício amarelo, sede do KGB, perto do Kremlin, no centro de Moscovo.
Os referidos intelectuais, pseudointelectuais e outros que tais, na sua consciência, devem-se considerar cúmplices da maior tragédia da história, ainda maior que a vergonhosa tragédia do nazismo. Esses intelectuais, pseudointelectuais e outros que tais, não podem vir agora dizer que era ingenuidade ou falta de informação, pois militaram ao serviço de uma causa em que acreditavam, mesmo quando essa crença exigia que protegessem a mentira ou que encobrissem o que convinha.
Finalmente, ao fim de muitos anos chegaria a «perestroika», mas antes de ela chegar existiram muitos casos que envergonham a humanidade, como foi o caso do escritor Alexander Soljenítsin. Este escritor tinha publicado, em 1973, o primeiro volume do Arquipélago de Gulag, sobre o sistema, concentracionário do período de Josej Stalin (1918 a 1956), escrito com o recurso às memórias de duzentos e vinte e sete antigos prisioneiros dos campos soviéticos, entre os quais ele próprio.
Depois desta publicação, que ficou famosa em todo o mundo, e todo o mundo teve acesso a ela, poder-se-ia dizer que toda a história da URSS deveria ser vista de outra maneira. Puro engano. Ainda continuaram, e continuam, pelo mundo fora, até aos dias de hoje, seguidores deste tipo de regime, verdadeiros cúmplices da coletivização forçada dos campos, dos milhões de mortos na Sibéria; do trabalho forçado; do golpe de Praga; do golpe de Budapeste; da anexação da Roménia; dos muitos processos de Moscovo; dos tanques de Budapeste em 1956, dos tanques de Praga em 1968, do massacre dos oficiais polacos antinazis refugiados na URSS e que Estaline mandou fuzilar, a pedido de Hitler, e outros. Podem e devem, esses intelectuais, pseudointelectuais e outros que tais ser considerados verdeiros cúmplices do sistema concentracionário soviético, que foi uma das «relíquias» sinistras que o século XX assistiu, a par do nazismo, que deixaram marcas profundas na humanidade e ficarão na História como é que é possível o homem fazer tanto mal ao seu semelhante. E as elites de direita parecem sentir acanhamento em dar a cara.
No exercício de uma liberdade e dever cívico inalienável e irrenunciável, afirmo sem qualquer tipo de dúvidas ou amarras, que o comunismo falhou. Poderemos mudar-lhe o nome ou dar-lhe os nomes que quisermos, socialismo científico, socialismo real e outros, mas os factos estão aí, a confirmá-lo claramente: o modelo real falhou. É mais do que óbvio e todo o mundo já se apercebeu disso há muito tempo.
A ideia de que esses intelectuais, pseudointelectuais e outros que tais são melhores do que os demais porque são «progressistas», e que eles é que têm a «verdade» toda, pois estão do lado certo da História originou uma discussão que foi elevada a novos patamares quando no passado, o marxismo pretendeu interpretar «cientificamente» o sentido da História e determinar, por via do chamado «materialismo histórico», não apenas quem representava o futuro, mas como seria esse futuro. Foi o que se viu. Infelizmente para uma parte significativa da humanidade!
Tudo isto já foi posto em causa, mas ainda hoje existem desses intelectuais, pseudointelectuais e outros que tais, com algum significado político e social, que estão ligados à cultura dominante e ao jornalismo, ao poder impar do jornalismo, que tentam atribuir às esquerdas uma «superioridade moral» que não a têm, mas também se outorgam em serem polícias das opiniões públicas e de considerarem que o povo não deve ter a possibilidade de escolher, pois o Estado sabe o que é o melhor para ele. É essa esquerda que tenta marcar e balizar o que é considerado «politicamente correto» e já chegou ao poder em Portugal, pois já manda no atual governo. Mais, o atual governo está preso por um fio manobrado pelos comunistas.
Os que amam a liberdade, como é o meu caso, acreditam, como eu acredito, que a resultante de milhões de escolhas individuais, tomadas livremente pelos cidadãos no seu dia-a-dia, é melhor do que as mais «bem-intencionadas» e mais «iluminadas» escolhas de quem se sente interprete do sentido da História.
Para os intelectuais, pseudointelectuais e outros que tais, só tenho para lhes dizer que os que amam a liberdade, não tratam de impor as suas opiniões aos demais, nem se consideram os donos da «verdade». Mas defendem, com verdade, a liberdade!
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