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Os combustíveis e os militantes do protesto e dos bitaites

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Os portugueses têm sido brindados semanalmente, com aumentos escandalosos e consecutivos dos combustíveis, numa pura lógica economicista imoral. É a preocupação dos camaradas da «geringonça» em manter o défice a todo o custo, mas esquecendo-se que num passado recente afirmavam que havia vida para além do défice. Agora parece que já não há.
É preciso, com urgência, reintroduzir limites morais na política de preços dos combustíveis, e não só, antes que a situação fique explosiva, como ficou no Brasil, recentemente. Em Portugal, mais de metade do preço de venda dos combustíveis resulta de impostos e taxas, sendo o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) o que representa a maior fatia do valor pago pelos consumidores. É uma forma encapotada de austeridade que é imposta aos portugueses.
Segundo os dados mais recentes da execução orçamental publicado pela Direção-Geral do Orçamento, o Estado arrecadou mais de 803 milhões de euros com o ISP no primeiro trimestre deste ano, mais 2,4% do que os 784 milhões de euros no mesmo período de 2017. No ano passado, este imposto rendeu mais de 3.364 milhões de euros aos cofres do Estado, mais 3,2% do que em 2016. Isto tem originado que os portugueses paguem um preço muito elevado dos combustíveis, bem acima das suas capacidades financeiras.
Não somos dos países mais ricos, bem pelo contrário, mas conseguimos ter o preço dos combustíveis dos mais caros da Europa, como é o caso do preço da gasolina 95 que em Portugal é o quinto mais alto na União Europeia. Este valor exagerado dos combustíveis está de novo a originar a deslocação de muitos portugueses a Espanha para abastecer as suas viaturas, a preços muito mais baratos.
Os escandalosos aumentos consecutivos que se têm verificado no preço dos combustíveis vieram demonstrar que afinal os militantes do protesto e dos bitaites são faciosos e funcionam na lógica da batata, ou seja, enfermam de uma doença muito ruim, que é a partidarite sem escrúpulos e sem moral. Por isso é que desapareceram e encontram-se a gozar férias em parte incerta.
A ausência do folclore que os militantes do protesto e dos bitaites faziam há poucos anos atrás e a falta das suas vociferações estridentes que gostavam de disparar pela boca fora criaram um vazio na vida dos portugueses. Até parece que agora está tudo bem, embora estes aumentos consecutivos dos combustíveis estejam a atingir níveis históricos, extraordinariamente elevados.
Esses militantes do protesto e dos bitaites já não abrem telejornais nem são notícia de primeira página dos jornais, que também estão muito dóceis perante o poder político. Provavelmente, esses militantes que eram do contra, de tanto berrarem num passado recente acomodaram-se, perderam a voz e o gosto da lamúria arrastando-se penosamente numa existência sem sentido pelos tenebrosos corredores do poder. Outros tempos, outras vontades!

José Maria Moreira da Silva

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