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Edição 532

Opinião: Metro: para Lisboa tudo, para a Trofa nada

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O aumento do investimento que tem sido feito, ao longo dos anos, para o crescimento das linhas do Metro na Grande Lisboa tem sido uma constante, contrastando com o parco, ou nenhum investimento que o poder centralista lisboeta tem tido com outras regiões do país, nomeadamente com o Porto, e mais concretamente com a Trofa, que se viu espoliada do seu meio de transporte tradicional, o comboio, que existia há muitos e muitos anos.

O que está em causa é a extensão da atual linha C ou linha verde, que faz a ligação entre Campanhã e o ISMAI (Maia), mas que no projeto inicial de construção do Metro terminaria na Trofa. É bom lembrar que este projeto original esteve englobado na primeira fase de construção do Metro do Porto, ficando por construir poucos quilómetros, do ISMAI à Trofa, tendo sido desativada a linha do comboio, do Porto à Trofa, há mais de 12 anos, mas só a população da Trofa é que ficou sem comboio e… sem Metro. É uma vergonha o que se passa, estando a Trofa a quinze quilómetros do Porto e a realidade é que as pessoas chegam a esperar por um autocarro duas horas e meia.
Das quatro linhas originárias da primeira fase do metro do Porto, só esta é que não foi concluída, sendo que as restantes linhas, e outras que surgiram posteriormente, chegaram a concluir e nalguns casos até alguns trajetos iniciais foram prolongados. Como ainda existe o canal do antigo comboio, para ser construída a linha do Metro, com um pouco de vontade política e algum (pouco), dinheiro, poderia ser construído o ramal ISMAI/Serra-Muro, numa primeira fase, cuja distância é pouco mais de quatro quilómetros, e assim eram servidas as populações mais afetadas com a eliminação da linha do comboio. Nem é preciso muito dinheiro, pois o canal já existe e quando fosse oportuno, construía-se o prolongamento até à Trofa!
Têm sido muitas as “desculpas esfarrapadas”: a falta de dinheiro, a falta de rentabilidade da referida linha, a má gestão do Metro do Porto (e então é uma comunidade inteira que paga os erros da má gestão dos outros? Que se chame à responsabilidade os agentes envolvidos, porque o dinheiro que veio era para concluir a obra até à Trofa), etc., etc., etc.. São estas as desculpas utilizadas pelo poder centralista lisboeta, para enganar deliberadamente as populações, que se viram surripiadas do seu meio de transporte que utilizavam desde 1932, com a sua desativação em 2002, para ser substituído pelo Metro. Não foram as populações que pediram para retirar o comboio e substitui-lo pelo Metro! Foi o poder político que assim o desejou!
É de inteira justiça, referir que já foi aprovado por unanimidade, na Assembleia da República, um projeto de resolução, apresentado pelo grupo parlamentar comunista, para a conclusão da obra do Metro até à Trofa, só que através de uma “habilidade saloia”, os grupos parlamentares que suportam o atual governo, apresentaram uma proposta, que infelizmente foi aprovada pela maioria PSD/CDS, não assumindo o compromisso de construir a ligação do Metro à Trofa, fazendo depender essa ligação da reavaliação do projeto, nomeadamente para potenciar os rácios de custo-benefício do investimento, mas nunca mais se falou de tal estudo. Primeiro aprovam, depois desaprovam. Enganaram a população e praticaram uma enorme injustiça para com os habitantes da Trofa.
Ainda há poucos dias, foram adjudicadas as obras para terminar a ligação do Metro de Lisboa à Reboleira, na Amadora, cujo valor da empreitada é de perto de 9 milhões de euros, depois de numa primeira fase terem sido investidos perto de 45 milhões de euros, no túnel que liga à Amadora. A abertura do Metro à Reboleira é para terminar ainda este ano. Além da extensão da linha Azul até à Reboleira, que ficará com perto de 14 km de extensão, também está a ser investido muito dinheiro na linha Verde. É a única linha em que ainda só podem circular composições com três carruagens, mas está em curso a expansão do cais da estação do Areeiro, sendo posteriormente feito o mesmo a Arroios para que seja possível adotar composições de seis carruagens.
Equipamentos de transporte, rodovias e não só, para servirem as populações de Lisboa o dinheiro é à fartazana, não falta! Para Lisboa tudo, para a Trofa nada! É este o nosso querido Portugal!

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moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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