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Edição 546

Opinião: Cuidado: não se deixe enganar pelo regime. defenda a democracia!

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Joao mendes

Vivem-se dias excepcionais e, como em qualquer momento de excepção, os ânimos e os sentimentos estão à flor da pele. Desfechos políticos à parte, até porque a queda do governo ocorrida esta terça-feira não é em si o resultado final das movimentações pós-eleitorais, faltando ainda que se pronuncie Cavaco Silva, existe um aspecto que entendo ser necessário desconstruir, nomeadamente no que diz respeito à actual estratégia de comunicação da coligação PSD/CDS-PP.

Em nome dos seus próprios objectivos políticos, a população tem sido manipulada com informação falsa e deturpada, e, na nossa Trofa, pessoas das mais altas responsabilidades públicas e políticas estão a alinhar conscientemente nestes embustes sabendo, com total clareza, que estão a manipular deliberadamente os menos informados. Os motivos que os levam a enganar os seus conterrâneos ultrapassam-me. Poderão ser cargos que se pretendem manter ou obter no futuro, telhados de vidro ou alinhamentos de circunstância. Pode ser apenas fanatismo. Seja o que for, nada disso legitima a mentira.
Significa isto que a máquina de lavagem cerebral que serve a coligação PSD/CDS-PP não só não desligou o modo “campanha eleitoral” como o intensificou, concentrando-se agora em atacar o hipotético governo de esquerda em todas as frentes possíveis, algo possível porque existe mesmo muito dinheiro para a empreitada, que vai desde os atiradores furtivos a soldo no Facebook, que se dedicam a construir páginas de protesto, supostamente independentes, ou a criar perfis anónimos, tremendamente eficazes a espalhar mensagens simplistas regra geral falsas, até aos comentadores televisivos, que na esmagadora maioria dos casos servem os interesses do poder financeiro, categoria que inclui reputados socialistas como Francisco Assis, Clara Ferreira Alves ou Jorge Coelho.
Vamos lá ver se nos entendemos: em Portugal vigora um regime de Democracia Representativa. Quer isto dizer, de forma muito resumida, o seguinte:

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1. Os cidadãos votam para eleger os seus representantes (deputados) em quem delegam o poder;
2. Os representantes eleitos são responsáveis por tomar decisões em nome desses mesmos cidadãos, nomeadamente a aprovação da constituição de governos;
3. A maioria dos deputados corresponde, por conseguinte, à maioria dos cidadãos que participaram no sufrágio.

É portanto FALSO que um governo PS apoiado por BE, PCP e PEV através de um acordo de incidência parlamentar represente uma usurpação da democracia ou, nas palavras da propaganda, um “golpe de Estado”. A mera utilização da expressão “golpe de Estado” é um insulto à memória colectiva dos portugueses por tudo aquilo que representa. Ao invés disso, tal acordo representa uma opção legítima e legal tomada por um grupo de deputados, maioritário no Parlamento, em quem foi delegada a capacidade de tomar decisões. Podemos concordar ou não com essa opção. Tal como podíamos concordar ou não com a opção dos deputados do PSD e CDS-PP que em 2011 formaram um acordo pós-eleitoral para formar governo. Mas a opção tomada está prevista na legislação portuguesa e, goste-se ou não, representa mais do que 50% do Parlamento e do eleitorado votante. A legitimidade de um governo decorrente desta opção é igual à de qualquer outro que o tenha antecedido. Tão simples quanto isto. Não se deixe enganar: defenda a democracia!

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