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Edição 681

Olhar o Cinema Nacional

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Caros Leitores,

Aproximamo-nos da época natalícia, altura de descanso e festividades. De tempos de reflexão, retrospetiva, de renovados planos, já a pensar no novo ano que se aproxima. Na medida exata entre aquilo que fizemos e aquilo que gostávamos de ter feito, e, da forma como lhe vamos dar resposta. Com isto, proponho-me a começar uma breve retrospetiva dos filmes mais marcantes estreados no decorrer deste ano, procurando analisá-los, não só à luz do contexto sócio-temporal e económico, como também, da pertinência das temáticas abordadas.
Fazendo uma breve alusão às estreias e festivais de cinema para o próximo mês, podemos mencionar a estreia a 6 de dezembro do filme PARQUE MAYER, do veterano realizador António Pedro de Vasconcelos, reconhecido por filmes como JAIME (1999), OS IMORTAIS (2003) E CALL GIRL (2007). Ficamos com uma breve sinopse: Lisboa, 1933. Num teatro do Parque Mayer, durante os ensaios para uma nova revista, há de tudo: amores não correspondidos, pequenos dramas pessoais e uma constante luta contra a censura e a hábil tentativa de a contornar. Mas, acima de tudo, o Parque Mayer esconde segredos, terríveis segredos com a capacidade de destruir vidas no tempo em que o Estado Novo começa a apertar o seu cerco e a liberdade está cada vez mais limitada. Portugal inteiro está no “Parque Mayer”, onde a resistência à opressão será feita com um quadro de revista numa sala que responde com uma ovação de pé. (Fonte: ica.pt)
De 23 de novembro a 1 de dezembro, em Coimbra, ocorre a 24.ª edição do festival Caminhos do Cinema Português, que se dedica à exibição de filmes. Desde projetos finais de escola de cinema, passando pela animação, documentário, curta-metragem até à longa-metragem. (Fonte: caminhos.info)
No mesmo período, de 24 de novembro a 2 de dezembro, tem lugar o festival de cinema Porto Post Doc: Film & Media Festival que se caracteriza por se dedicar ao cinema do real. Esta semana, será ponto de encontro de uma intensa ebulição criativa. Reúne criadores, público e profissionais do cinema, por forma a promover a cultura cinematográfica através do debate e da exibição de novas formas de cinema contemporâneo. Pretende trazer um novo fôlego cultural à cidade histórica do Porto, tornando-a uma comunidade vibrante. (Fonte: portopostdoc.com)
Principio agora a retrospetiva deste ano de 2018, que ficou marcado pelos mais interessantes e pujantes filmes dos últimos anos, contribuindo para afirmar, cada vez mais, a voz dos cineastas e artistas Portugueses no panorama internacional.
Refletem sobre aquilo que denomino de os filmes da crise, abordando um conturbado período da nossa recente história, que urge não esquecer, por forma a não permitir que de novo aconteça. Após uma estreia mundial no Festival de Berlim “Berlinale 67”, chegou às salas de cinema o filme COLO, da experiente realizadora Teresa Vilaverde. O timing não poderia ser o mais acertado. Surgindo numa altura em que vivemos um aparente deslumbramento, perante o aparente fôlego económico proporcionado, a autora lembra-nos, da ferida ainda recente e atual, por forma a não cairmos num perigoso encantamento. É um filme que fala não só da crise monetária, como também da crise humana que esta implica. É uma procura de um ansiado COLO, amparo, uma fuga a este estado de “sítio”, cruel para alguns, fatal para outros. É um filme que não procura certezas, levantando possibilidades e questões. Qual será, afinal, o caminho a tomar?
Em meados do ano, após uma passagem pelo festival de Cannes, onde arrebatou o prémio FIPRESCI, estreou o filme A FÁBRICA DE NADA, de Pedro Pinho. Considerada uma das obras mais globalizantes dos funestos anos da crise, é um espécime curioso no panorama do cinema Português, sendo, possivelmente, o filme que mais nos concede e nos faz acreditar na força do cinema como veículo de manifesto e denúncia social. É um filme que não procura consensos. Espicaça, provoca, estimula a reação e o debate crítico. É uma obra que nem os media, nem a demagogia política pode calar. É um grito ensurdecedor. Socorrendo-nos dos versos Pessoanos, a Fábrica de Nada é um nada que é tudo. Signo de resistência, um nada que é materializado numa luta, numa procura por uma maior justiça social e uma maior clareza política. Ensina-nos, assim, a não olvidar a questão da crise e a não cair em falsas promessas e duvidosos facilitismos.
Até à próxima rúbrica, e até lá, boas sessões de cinema!

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Aproximamo-nos da época natalícia, altura de descanso e festividades. De tempos de reflexão, retrospetiva, de renovados planos, já a pensar no novo ano que se aproxima. Na medida exata entre aquilo que fizemos e aquilo que gostávamos de ter feito, e, da forma como lhe vamos dar resposta. Com isto, proponho-me a começar uma breve retrospetiva dos filmes mais marcantes estreados no decorrer deste ano, procurando analisá-los, não só à luz do contexto sócio-temporal e económico, como também, da pertinência das temáticas abordadas.
Fazendo uma breve alusão às estreias e festivais de cinema para o próximo mês, podemos mencionar a estreia a 6 de dezembro do filme PARQUE MAYER, do veterano realizador António Pedro de Vasconcelos, reconhecido por filmes como JAIME (1999), OS IMORTAIS (2003) E CALL GIRL (2007). Ficamos com uma breve sinopse: Lisboa, 1933. Num teatro do Parque Mayer, durante os ensaios para uma nova revista, há de tudo: amores não correspondidos, pequenos dramas pessoais e uma constante luta contra a censura e a hábil tentativa de a contornar. Mas, acima de tudo, o Parque Mayer esconde segredos, terríveis segredos com a capacidade de destruir vidas no tempo em que o Estado Novo começa a apertar o seu cerco e a liberdade está cada vez mais limitada. Portugal inteiro está no “Parque Mayer”, onde a resistência à opressão será feita com um quadro de revista numa sala que responde com uma ovação de pé. (Fonte: ica.pt)
De 23 de novembro a 1 de dezembro, em Coimbra, ocorre a 24.ª edição do festival Caminhos do Cinema Português, que se dedica à exibição de filmes. Desde projetos finais de escola de cinema, passando pela animação, documentário, curta-metragem até à longa-metragem. (Fonte: caminhos.info)
No mesmo período, de 24 de novembro a 2 de dezembro, tem lugar o festival de cinema Porto Post Doc: Film & Media Festival que se caracteriza por se dedicar ao cinema do real. Esta semana, será ponto de encontro de uma intensa ebulição criativa. Reúne criadores, público e profissionais do cinema, por forma a promover a cultura cinematográfica através do debate e da exibição de novas formas de cinema contemporâneo. Pretende trazer um novo fôlego cultural à cidade histórica do Porto, tornando-a uma comunidade vibrante. (Fonte: portopostdoc.com)
Principio agora a retrospetiva deste ano de 2018, que ficou marcado pelos mais interessantes e pujantes filmes dos últimos anos, contribuindo para afirmar, cada vez mais, a voz dos cineastas e artistas Portugueses no panorama internacional.
Refletem sobre aquilo que denomino de os filmes da crise, abordando um conturbado período da nossa recente história, que urge não esquecer, por forma a não permitir que de novo aconteça. Após uma estreia mundial no Festival de Berlim “Berlinale 67”, chegou às salas de cinema o filme COLO, da experiente realizadora Teresa Vilaverde. O timing não poderia ser o mais acertado. Surgindo numa altura em que vivemos um aparente deslumbramento, perante o aparente fôlego económico proporcionado, a autora lembra-nos, da ferida ainda recente e atual, por forma a não cairmos num perigoso encantamento. É um filme que fala não só da crise monetária, como também da crise humana que esta implica. É uma procura de um ansiado COLO, amparo, uma fuga a este estado de “sítio”, cruel para alguns, fatal para outros. É um filme que não procura certezas, levantando possibilidades e questões. Qual será, afinal, o caminho a tomar?
Em meados do ano, após uma passagem pelo festival de Cannes, onde arrebatou o prémio FIPRESCI, estreou o filme A FÁBRICA DE NADA, de Pedro Pinho. Considerada uma das obras mais globalizantes dos funestos anos da crise, é um espécime curioso no panorama do cinema Português, sendo, possivelmente, o filme que mais nos concede e nos faz acreditar na força do cinema como veículo de manifesto e denúncia social. É um filme que não procura consensos. Espicaça, provoca, estimula a reação e o debate crítico. É uma obra que nem os media, nem a demagogia política pode calar. É um grito ensurdecedor. Socorrendo-nos dos versos Pessoanos, a Fábrica de Nada é um nada que é tudo. Signo de resistência, um nada que é materializado numa luta, numa procura por uma maior justiça social e uma maior clareza política. Ensina-nos, assim, a não olvidar a questão da crise e a não cair em falsas promessas e duvidosos facilitismos.
Até à próxima rúbrica, e até lá, boas sessões de cinema!
Vasco Bäuerle

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