Edição 675
Obra de S. Gens começou há 70 anos
Dois mil e dezoito marca os 70 anos do início das obras de construção da Capela de S. Gens, concretizada pelo saudoso bougadense Sebastião Cruz. O primeiro fim de semana de setembro ficou marcado pelas festividades em honra de S. Gens e Nossa Senhora da Alegria, o programa só encerra no Dia das Gentes do Mar, a 17 de setembro. // CÁTIA VELOSO/A.COSTA
O monte de Cidai encheu-se de peregrinos nos dias 1 e 2 de setembro, para as festas em honra de S. Gens e Nossa Senhora da Alegria. Seguindo o figurino dos últimos anos, o programa de celebrações iniciou com uma missa solenizada, dedicada à Oração das Mães e consagração das crianças a Nossa Senhora da Alegria.
No domingo, dia de S. Gens, à missa da manhã seguiu-se a peregrinação do facho até ao santuário, com a participação dos fiéis, num momento onde se cumpriram promessas.
A manhã foi ainda preenchida com a missa solene, em louvor de S. Gens.
À tarde, momento de ócio com espetáculo folclórico, proporcionado pelo Grupo de Danças e Cantares de Santiago de Bougado, Grupo Folclórico Pescadores das Caxinas e Poça da Barca e Rancho Tricanas da Lapa.
O programa termina a 17 de setembro, segunda-feira celebrizada pela peregrinação das Gentes do Mar, que atrai anualmente centenas de devotos ao monte de S. Gens, uns transportados pelas dezenas de autocarros que fazem o percurso até Cidai e outros em peregrinação a pé desde Vila do Conde ou Póvoa de Varzim, para cumprir promessas.
O fundador da Obra de S. Gens
O Professor Doutor Sebastião Cruz nasceu em 8 de dezembro de 1918, no lugar de Cidai, Santiago de Bougado. Filho de Manuel Caetano da Silva Cruz (o “Manuel Ramadeiro”) e de Delfina Moreira da Costa, o pequeno Sebastião “foi encaminhado” para o Seminário Menor de Braga, aos 11 anos de idade.
Foi ordenado presbítero, em Braga, no ano de 1941 e cedo começou a desempenhar funções de responsabilidade na cidade dos Arcebispos.
Frequentou, com mérito, em Espanha, a Pontifícia Universidade de Salamanca, onde se doutorou em Direito Canónico. Concluiu, também em Coimbra, a licenciatura em Direito, no ano de 1962, com a nota (“máxima”) de 18 valores, tendo sido logo convidado para integrar o Corpo Docente da Faculdade.
Lecionou, igualmente, a cadeira de Direito na Universidade Católica Portuguesa. Em 13 de novembro de 1966, concluiu, com distinção, o doutoramento em Direito Romano. Foi professor de História do Direito Privado e Direito Concordatário Português.
Em 1978, o Doutor Sebastião Cruz prestou provas, com mérito, para Professor Catedrático da Universidade de Coimbra. Exerceu cargos de Juiz dos Tribunais Eclesiásticos de Braga e Coimbra. Foi vice-presidente da Santa Casa de Misericórdia de Braga. Publicou várias obras nos domínios do Direito Romano e História do Direito.
Faleceu em 1996.
Em 8 de dezembro de 1988, a Comissão de São Gens homenageou o Professor Doutor Sebastião Cruz, mandando construir um busto e colocando-o em frente da capela-monumento de S. Gens.
Devolver o culto à população de S. Gens
“Leira de mato no outeiro de S. Gens, confrontando de nascente com terras de moradores do lugar de Cidai e de Poente com terras de moradores do lugar de Alvarelhos”.
A passagem, de um contrato de prazo do ano de 1717, recuperado por Alcino Rodrigues, em “Subsídios para a História da Trofa”, dá força aos relatos dos antepassados que durante décadas atestavam que, em Cidai, havia um monte com um nicho com a imagem de S. Gens.
Em 1930, no jornal “O Trofense”, o abade Sousa Maia dava conta de que, naquele local, houve, “em tempos idos, uma ermida em que foi venerada a imagem do santo mártir que, tendo procurado divertir Diocleciano e os que lhe faziam corte, com paródias ao Sacramento do Baptismo, foi tocado miraculosamente pela graça de forma que, do próprio palco em que representava comédias, fez teatro do seu zelo cristão, verdadeiramente convertido, passando do paganismo à Fé em Jesus Cristo, por quem logo derramou o próprio sangue”.
Natural de Cidai, Sebastião Cruz sentiu a necessidade de recuperar a história e o passado daquela comunidade, iniciando a obra para devolver o culto que durante anos foi ouvindo da população.
As obras para construir a capela começaram em 1948, num processo que Alcino Rodrigues relata ter sido pejado de “dificuldades e escolhos”. “Mas o Dr. Sebastião Cruz possuidor dum dinamismo demolidor nunca se deixou
derrotar nem pelas dificuldades criadas pela natureza da obra e muito menos pelos obstáculos criados pelos homens”, refere em “Subsídios para a História da Trofa”.
A ermida foi construída, os acessos foram abertos e a inauguração aconteceu a 23 de setembro de 1951, com um almoço no cimo do monte para as autoridades e convidados.
A ementa, refere Alcino Rodrigues, era composta por “um caldinho, um arrozinho, uma caminha, vinhinho da terra, frutinha da terra, coisas doces e apetitosas, café português e Bagaceira da terra”.
O historiador anota ainda que “nas costas da ementa” se podia ler: “Andam cânticos no ar / Todo o dia e noite fora: / – Voltou S. Gens à Capela / E não torna a ir embora!”
A obra em S. Gens prosseguiu já na paroquialidade de Armindo Gomes, com a ampliação, melhoramento do espaço exterior, colocação de escadório e de uma grande imagem de pedra da Nossa Senhora da Alegria, cuja imagem foi inaugurada há 25 anos (5 de setembro de 1993).
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