Ano 2007
O mundo do PS/Sócrates distante das dificuldades de quem trabalha.
Um jornal da região destacava, a propósito da presidência portuguesa da União Europeia, uma notícia sobre o empenho português no combate ao desemprego e o desejo de Sócrates transportar para a União Europeia esta experiência.
O título afirmava que "O primeiro-ministro português quer ver replicado à escala europeia o projecto doméstico para a qualificação e emprego «Novas Oportunidades»."
Esta notícia levou-me a consultar os dados oficiais (do Instituto do Emprego e Formação Profissional) relativos ao desemprego. O último mês disponível para consulta é o de Julho de 2007.
Constatei que, em todo o país, só nesse mês foram mais 43389 novos desempregados que se inscreveram nos centros de emprego. No concelho da Trofa foram cerca de 200, dos quais 24% por terem sido despedidos e 28,6% por ter terminado um contrato de trabalho temporário.
O concelho da Trofa, onde há cerca de 3000 inscritos no centro de emprego, é um espelho do que se passa no país. Um país que assiste quase diariamente à propaganda do governo que anuncia projectos e planos tecnológicos, que promete criar empregos e resolver o problema das famílias trabalhadoras, mas que na prática apenas tem agravado as condições de vida da maioria da população.
Os jovens, muitos dos quais se encontram sufocados com o aumento brutal das taxas de juro do crédito à habitação, representam uma fatia significativa dos desempregados (cerca de 30% dos desempregados do concelho da Trofa têm menos de 35 anos) e têm sido dos principais alvos das políticas nefastas deste governo.
Muitos destes jovens, apesar de possuírem formação académica e profissional, continuam em busca do seu primeiro emprego (só na Trofa há mais de 200). Outros não conseguem encontrar alternativas ao chamado "trabalho temporário", que não é mais do que uma forma de acentuar a exploração de pessoas que trabalham sem qualquer vínculo que lhes garanta um mínimo de estabilidade.
A contrastar com este dura realidade temos meia dúzia de grandes grupos económicos que vão acumulando fortunas. Atente-se que as fortunas dos 100 mais ricos de Portugal aumentaram 35,8% em apenas um ano, atingindo o valor de 34 mil milhões de euros, o que daria para pagar um salário mensal de 500 euros a um milhão de trabalhadores durante 5 anos.
È escandalosamente óbvio que as opções do PS/Sócrates são vocacionadas para o favorecimento de uma pequena elite. No meio empresarial só um grupo cada vez mais restrito é que tem acumulado fortunas. Enquanto que uma imensidão de pequenos comerciantes e pequenos empresários se confrontam com dificuldades.
Motivado pelo envolvimento que tem na presidência da união europeia, o primeiro ministro parece crer fazer-nos acreditar que vivemos num mundo diferente deste mundo de desemprego e de desigualdades sociais.
Até aqui usou uma estratégia diferente, a de garantir que as medidas que assumia eram "inevitáveis".
Mas, a verdade é que quem vive do seu trabalho sabe o que tem aumentado o custo de vida.
Mas sabe também que não estão todos a perder com estas políticas.
Por isso, o que faz falta é uma ruptura com a política de agravamento dos problemas económicos e sociais e de declínio nacional.
O que Portugal precisa é que se aposte no desenvolvimento e na justiça social.
Para tal precisa também de outros protagonistas!
Jaime Toga
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