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Edição 591

O fascismo é filho do marxismo. Será mesmo?

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O escritor português da atualidade mais lido em todo o mundo é o Jornalista da RTP – Rádio e Televisão de Portugal e Professor Universitário, José Rodrigues dos Santos. Na sua atividade profissional de Jornalista é um dos mais premiados repórteres portugueses e galardoado pelo Clube Português de Imprensa e pela CNN. Como escritor, em 2016 foi considerado o melhor escritor português.
José Rodrigues dos Santos tem as suas atividades profissionais e consegue ser um dos jornalistas mais influentes para as novas gerações, no panorama informativo nacional e é, simultaneamente, um dos mais fecundos escritores da atualidade. Para além das 15 obras de ficção, ainda tem mais 7 livros de Ensaio, num total de 22 livros editados. É muita obra, para quem só publica livros há cerca de década e meia, só tem 52 anos de idade (nasceu a 1 de abril de 1964) e não se assume como um escritor profissional, mas tornou-se dos escritores portugueses contemporâneos a alcançar maior número de edições com livros que venderam mais de cem mil exemplares cada. O seu romance de estreia tem o título “A Ilha das Trevas” e foi publicado em 2002, pela Gradiva, a sua Editora de sempre.
Neste último livro de ficção “O Pavilhão Púrpura” (2016) e no anterior “As Flores de Lótus” (2015), José Rodrigues dos Santos pretende transformá-los numa trilogia. Portanto, já se sabe que para o ano (2017) sairá mais um livro de ficção “o Reino do Meio” a concluir a trilogia. A unidade temática desta saga são quatro histórias; quatro famílias; quatro destinos. Escritor de uma prosa lúcida e poderosa, ninguém nega a sua capacidade de investigação para colocar nas suas ficções, faz-nos embarcar com ele e com figuras históricas como Salazar e Mao Tsé-Tung numa viagem empolgante que nos leva de Lisboa a Tóquio, de Irkutsk (na Sibéria-Rússia) a Changsha (na província de Hunan-China), do comunismo ao fascismo.
No livro “As Flores de Lótus”, o primeiro livro publicado da trilogia, embora seja um romance deveria ser lido por todos aqueles que gostam das questões ideológicas e políticas, pois tem muita investigação à mistura sobre Ciência Política e consegue «sentar na mesma mesa» os primeiros e grandes ideólogos comunistas, socialistas e fascistas tentando mostrar ao leitor que é tudo «farinha do mesmo saco». Este seu primeiro livro percorre os primórdios da Revolução de Outubro, na Rússia, e as suas atrocidades. Passa pela Revolução Comunista na China e as suas horrorosas crueldades e entra no âmago da tomada do poder em Itália, por Mussolini e da chegada ao poder em Portugal, de Salazar, terminando na “Depressão”, a grande crise financeira americana de 1929, que abalou todo o mundo. É neste período que começa o segundo livro desta saga “O Pavilhão Púrpura”.
As afirmações são extraordinariamente controversas, mas o mais interessante é que nenhum político ou partido político veio a terreiro contestá-lo ou atacá-lo, como já o fizeram noutras ocasiões, por questões menores. Foi distração ou quem cala consente?
No referido livro “As Flores de Lótus”, também demonstra até à exaustão, como é que a formação das ideias comunistas e socialistas são a mesma ideologia; são originalmente a mesma coisa, têm o mesmo fim e o que difere é apenas a forma de atingir o poder. Quer uma quer a outra têm o mesmo objetivo comum, que é o fim das classes. Tudo o resto é igual. Assim o atestam as teorias de Hegel, Feuerbach, Hess, Engels e Marx. O marxista francês Georges Sorel, tal como outros marxistas, desmentiram Marx e Engels, pois constataram que o capitalismo não desembocou na revolução proletária prevista por eles. Enquanto o russo Lenine se opõe ao parlamentarismo defendendo a criação de uma elite que acicate as massas e faça uso da violência para provocar a revolução, o italiano Benito Mussolini insistiu durante algum tempo que Engels e Marx tinham razão e que era preciso confiar na luta de classes.
Por isso é que o autor refere que o fascismo é filho do marxismo. Será mesmo? Para mim, os “ismos” merecem-me aberta aversão. O escritor apresenta o exemplo de Mussolini, que atinge o poder através de eleições à frente do Partido Socialista Italiano (1901-1914), que depois o transforma em Partido Nacional Fascista, em 1922, mas também apresenta o exemplo de Ikki Kita, o intelectual japonês defensor de uma espécie de socialismo nacionalista ou nacional-socialismo, que em tempos tinha sido um grande entusiasta da revolução republicana chinesa, mas foi o fundador do Yuzonsha (1920), uma organização ultranacionalista que advogava um estado autoritário.
Estas afirmações do autor são suportadas pelas ideias de filósofos da época, ou mesmo antigos, como Platão que não acreditava na democracia, ao contrário de Aristóteles, e outros filósofos gregos antigos, que eram defensores do sistema democrático.
São umas excelentes análises, não só do autor do livro, mas também de estudiosos de então, para proporcionar bons debates em agradáveis tertúlias, que infelizmente deixaram de existir! De vez em quando é bom olharmos, discutirmos e analisarmos a história, para projetarmos o futuro!
moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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