Ano 2006
O EVENTUAL FECHO DA OPEL – Uma machadada na nossa economia
A intenção da General Motors de encerramento da fábrica da Opel na Azambuja, a concretizar-se, não deixará de significar um rude golpe na nossa economia.
São dezenas de milhar de viaturas, quase todas destinadas a exportação, cerca de 70.000, que representam centenas de milhões de contos (milhares de milhões de euros) anuais e que ocupam mais de mil trabalhadores na região e no país.
São cerca de 1.300 postos de trabalho directos que se perdem, além de muitos outros postos de trabalho indirectos que poderão engrossar as estatísticas do desemprego.
A concretizar-se, deixaremos de ter milhares de pagadores de impostos e de contribuintes para a Segurança Social, para passarmos a ter o mesmo número de pessoas a receber o subsídio de desemprego.
O impacto sobre a economia nacional não deixará de se sentir.
Apesar da lógica de mercado que vigora na Europa e no mundo, concordo com a intervenção do governo no sentido de impedir o fecho desta fábrica. Ainda bem que o governo está a tentar inverter a situação. Tendo em consideração o impacto sobre a economia nacional, e o conjunto de dramas sociais que tal facho acarretará, o nosso governo não podia ficar indiferente, como não ficou.
Esperemos que o Ministro da Economia seja bem sucedido nesta difícil negociação e que a fábrica não encerre.
Sabemos que as multinacionais são geridas por pessoas capazes, de elevado grau de inteligência (elevado Q.I.), mas com uma lógica de lucro e as preocupações sociais não são propriamente assuntos que os levem a gastar muito tempo. Não é à toa que dizem que as multinacionais conhecem a lógica do dinheiro e são geridas por homens sem coração.
Querem produzir barato e, por isso, pretendem transferir a produção para outros locais onde os custos de produção sejam mais baixos.
Numa primeira fase, a transferência verificar-se-ia para Saragoça, Espanha, mas, mais tarde, iria ou irá para outro país de mão-de-obra mais barata.
Com isto, evitam mal-estar com a União Europeia porque manteriam a produção dentro do espaço comunitário. Mais tarde, é mais fácil fechar uma só fábrica.
É claro que esta estratégia foi entendida pelos espanhóis e pelos alemães que têm feito greves de solidariedade com os trabalhadores de Azambuja. É que os alemães e os espanhóis compreenderam que isto pode ser apenas uma primeira fase dum problema muito mais vasto e que pode significar, num prazo mais ou menos curto, o desmantelamento da indústria europeia.
As multinacionais, com a sua lógica de lucro, também lutam entre si, na mesma lógica agressiva e sem tréguas.
Estamos a sofrer a lógica do liberalismo levado quase ao extremo. Historicamente, o liberalismo provou ser nefasto para os pequenos e de grandes benefícios para os muito grandes.
As grandes potências económicas e os grandes, ou muito grandes, grupos económicos, conseguem combater as regalias sociais, conquistadas no mundo ocidental, deslocando a produção para países onde a mão-de-obra é ainda muito barata e onde quem trabalha não consegue atingir o patamar mínimo da dignidade humana.
Portugal tem que se defender nesta fase e procurar tornar-se competitivo por via da produtividade e pelo não aumento de impostos.
Doutro modo, vamos manter-nos aflitos a ver as multinacionais a instalar-se quando lhes dá jeito e a partir quando acham que ganham mais noutras paragens.
Sempre vão ficando os empresários nacionais que, esperemos, se fortaleçam para diminuir a nossa dependência.
Ouve-se muito falar em investimento estrangeiro e muito desse investimento é positivo para a economia nacional, como o provam algumas empresas que cá estão há muitas décadas e que são bem quistas.
Mas, a verdade é que o investimento nacional deve ser acarinhado. Os nossos empresários raramente deslocam a sua produção para outras paragens e, quando o fazem, mantêm cá os cérebros das empresas e os centros de decisão, o que não é pouco importante.
Afonso Paixão
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