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O estranho caso da desagregação de Bougado

Amadeu Dias

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Estimados leitores, quero falar-vos sobre o estranho caso da desagregação da União de Freguesias de Bougado. Mas começo por felicitar os Alvarelhenses e Guidoenses por terem visto a Assembleia da República aprovar a desagregação, e devolver a autonomia administrativa às freguesias.

Este processo veio corrigir a injustiça que a Lei Relvas, por altura do Governo do PSD de Passos Coelho, impôs. É justo dizer-se que a luta do povo de Guidões, que nunca se conformou com a agregação feita, valeu a pena. E valeu a pena porque desde o início se percebeu que era um movimento genuíno da população que soube envolver os partidos.

Bem diferente é o caso da União de Freguesias de Bougado.

Estimado leitor, permita-me que comece por fazer uma declaração de interesses. O PS Trofa tem desde o início a mesma posição. Sempre que exista um movimento, genuíno, representativo da vontade da população, o PS Trofa apoiará o pedido de desagregação.

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Nunca mudamos de posição. Foi assim no caso de Guidões, como é no caso de Santiago de Bougado. É sobejamente conhecido que existe um movimento independente, constituído por elementos dos diferentes partidos.

Em 2022, esses elementos reuniram milhares de assinaturas, para convocar uma assembleia extraordinária para se votar a desagregação. E foi aqui que começaram os números de circo da coligação PSD-CDSPP.

Em abril de 2022, uma Assembleia de Freguesia foi cancelada, para impedir que este assunto fosse discutido. Com um bilhete na porta a cancelar a assembleia, foi assim que os Bougadenses souberam.

Resultado disto, o presidente da Assembleia de freguesia, com toda a dignidade, demitiu-se. Quem conhece o Vítor Martins, não ficou admirado. A sua retidão e a forma transparente como exerce os cargos que assume não lhe permitiam dar cobertura a interesses menos claros. Sucedeu-lhe a Presidente Isabel Loureiro, a quem coube a missão de marcar a assembleia extraordinária para votação da desagregação.

Nessa assembleia, os 4 membros do PS Trofa, anunciaram o seu voto a favor da desagregação. Solicitaram também que a votação fosse feita de braço no ar, para que as centenas de pessoas que estavam presentes soubessem quem quer e quem não quer a desagregação. A Presidente Isabel Loureiro, permitiu, tal como os membros do PSD pediram, que a votação fosse secreta. Foi mais uma cobardia do PSD. A desagregação foi chumbada com 7 votos contra e 6 a favor.

O PSD local, à data, anunciou que o Presidente de Junta, Luís Paulo, não estaria a cumprir com o entendimento da concelhia, e, portanto, o PSD iria impugnar a assembleia e o seu presidente ia demitir-se. Estimados Bougadenses, o PSD não impugnou, nem o Presidente se demitiu.

Agora, em final de 2024, os 4 eleitos do PS Trofa e 5 eleitos do PSD-CDSPP, pediram outra assembleia extraordinária, para nova votação da desagregação. A Presidente Isabel Loureiro tinha 10 dias para agendar a assembleia. Não a agendou. Mas conseguiu, um mês e meio depois, agendar uma assembleia ordinária.

No final da assembleia ordinária, a 26 de dezembro, a Presidente Isabel Loureiro convidou os eleitos para uma conversa informal. Transmitiu que o documento apresentado para votar a desagregação teria erros. Solicitou que corrigissem os erros primeiro. Os eleitos do PS voltaram a afirmar o óbvio. Todos os prazos legais estavam a ser desrespeitados e a assembleia extraordinária tinha que ser marcada. Os eleitos do PS disponibilizaram-se para verificar se o documento tinha erros, mas em momento algum a assembleia extraordinária ficaria sem efeito.

E é aqui que entra mais um número de circo do PSD-CDSPP. A um email que a Presidente Isabel Loureiro enviou, a pedir que se marcasse uma reunião para corrigir os erros, dizendo que assim a assembleia extraordinária ficava sem efeito, os eleitos do PS responderam dizendo que nunca a assembleia extraordinária poderia ficar sem efeito, estando ainda assim disponíveis para analisar eventuais erros do documento.

A Presidente Isabel Loureiro respondeu, assumindo que teria sido um erro seu de interpretação o que a levou a considerar que a assembleia extraordinária ficava sem efeito, e transmitiu que tinha enviado ao Presidente Luís Paulo o email com essa informação, porque já lhe tinha solicitado a demissão por não permitir a interferência de terceiros.

Até hoje o PS Trofa e os seus eleitos não sabem quem são os “terceiros”, mas sabem que a assembleia tem que ser marcada.

O PS não admite que o Presidente Luís Paulo minta para dar cobertura aos seus interesses.

Não, os eleitos do PS nunca propuseram cancelar a assembleia extraordinária, e isso mesmo assumiu a Presidente Isabel Loureiro. O que sabemos é que, a confirmar-se, é a segunda demissão de um presidente da assembleia de freguesia.

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