Fique ligado

Edição 448

“Negociação com PCP e CDS era quase tão difícil como fazer a paz entre Israel e a Palestina”

Publicado

em

É considerado o “pai da Trofa” e na hora de recordar o processo que levou à criação do concelho, Luís Marques Mendes salientou a dificuldade de negociar com os partidos e o momento em que teve que dizer aos trofenses que a proposta teria de ser adiada.

Antes da aprovação da criação do concelho na Assembleia da República, que passos deu na defesa do desígnio da população?

Publicidade

 

Eu assumi três compromissos com a comissão que, na altura, foi criada para tratar da elevação do concelho: estudar o assunto, negociar com os outros partidos e tratar do agendamento desse diploma.

Estudar o assunto foi fácil, negociar é que foi um pouco mais difícil, porque juntar três partidos bem diferentes – o PSD, PCP e CDS – não era fácil, mas sem um dos três partidos não era possível, porque o PS era contra. Depois desta negociação, surgiu uma dificuldade. O diploma foi agendado para o mês de setembro, mas o PCP lembrou-se, a dada altura, que setembro era antes do referendo da regionalização e que aí não concordaria e tivemos que alterar o agendamento e eu vim à Trofa explicar isso às pessoas, que torceram o nariz, pois acharam que estava aqui mais um político para falhar. Eu disse que não, que íamos cumprir. O agendamento foi desmarcado em setembro e foi traduzido em novembro. E aí tudo se resolveu.

Nas primeiras movimentações, há um discurso acalorado da sua parte, na inauguração do troço da autoestrada Porto-Cruz, que não agradou a muita gente, especialmente a elementos do seu partido de Santo Tirso.

Isso já não sei, para ser franco já não me recordo. Mas essa parte incomoda-me pouco. A questão era o resultado final. Eu assumi o compromisso de liderar politicamente, na Assembleia da Republica, o projeto, negociar com os outros partidos e se não fosse possível juntar os três partidos, nunca o concelho seria criado, porque o PS tinha quase maioria absoluta. Esta negociação era quase tão difícil como fazer a paz entre Israel e a Palestina e, como veem, lá ainda não existe paz. Eu tive um bocadinho mais de sucesso.

Como foi a gestão do processo junto dos elementos do seu partido em Santo Tirso?

Essa é a parte que nunca me custou muito, porque uma pessoa quando tem uma convicção luta por ela. Agora, quem governa tem que fazer escolhas e nunca se agrada a toda a gente. O melhor critério não é saber se agrada a mais ou a menos, mas tem que ser em função das convicções. Se eu acredito que a Trofa merece ser concelho, há alguns que não gostam, paciência, é a lei da vida. Eu tive até alguns mimos do ex-presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, que de vez em quando dizia publicamente que eu fiz isto e aquilo, mas eu tenho as costas largas, apesar da minha baixa estatura.

Que mensagem tem para os trofenses, que atualmente vivem um bocadinho com o fantasma da fusão de municípios?

A fusão de municípios é uma coisa que eu acho que não vai acontecer, nem sequer me parece uma prioridade nacional. Para mim, parecem-me prioridades o que referi na minha intervenção, competitividade e solidariedade. Tratar de criar condições para que os concelhos se desenvolvam. Criem riqueza e gerem emprego, ajudar aqueles que mais precisam, sobretudo porque hoje há muita gente a passar por dificuldades. Não pode ser só o poder central nem só o poder local, têm que ser todos.

 

Continuar a ler...
__________________

Edição Papel

Vê-nos no Tik Tok

Comer sem sair de casa?

Farmácia de serviço

arquivo

Pode ler também...