Edição 551
“Não me demitirei até que não haja mais soluções”
No ano em que comemora o 85.º aniversário, o Clube Desportivo Trofense tem o “futuro administrativo e desportivo em causa”, devido ao “agravamento” da situação financeira do clube, “nos últimos meses”. No comunicado, a direção informa que as receitas do clube estão “a desaparecer gradualmente, há cerca de 300 sócios com as quotas em dia, o apoio das empresas é manifestamente insuficiente – ressalvando o apoio das empresas Trifitrofa e Altronix – e o apoio da autarquia está condicionado pela burocracia dos processos de recuperação do Clube, que impediu que o contrato programa para 2015 tivesse sido assinado”.
E para “aumentar as dificuldades para aceder às receitas”, o clube enfrente “vários processos por incumprimento do plano de recuperação autorizado pelo Tribunal”. “A situação atual é de tal forma caótica, que, ao dia de hoje, não há soluções de tesouraria para as necessidades básicas”, exemplificou.
Em entrevista ao NT, Paulo Melro, presidente do Clube Desportivo Trofense, afirmou que “não se demitirá até que não haja mais soluções”, a “não ser que essa seja uma condição imposta por uma qualquer solução alternativa ou do próprio tribunal”. O presidente recordou que na última Assembleia disse aos sócios que “as coisas estavam complicadas e que se não conseguíssemos ter injeção de capital extra não iriam conseguir cumprir com as nossas responsabilidades”. “Temos inventando soluções, adiando aquilo que era possível adiar e resolvendo aquilo que tinha de ser resolvido, mas começamos a chegar a uma fase em que já não há muito espaço de manobra”, completou.
Quanto ao Processo Especial de Revitalização (PER), Paulo Melro contou que foram “pagando as prestações” à Segurança Social “enquanto conseguiram” e, em julho deste ano, já “não foi capaz de acrescentar esse esforço de começar a pagar ao pessoal”. “Começa também a ser insustentável manter a situação”, frisou.
No que toca às Finanças, o clube esteve “quase um ano” à espera que estes mandassem “o plano de pagamento por ele solicitado” e quando este chegou, exigiram que se pagasse “70 mil euros de uma só vez”, o que levou o clube a “recorrer junto do tribunal para tentar negociar a dívida de forma a conseguir cumprir”.
As “primeiras dificuldades de pagamento acentuaram-se em julho de 2015”, altura em que o clube estava “claramente em atraso”, pois, apesar de “algum entendimento” sobre o início de pagamentos “em janeiro”, o clube entendia que deveria começar em “Julho”, após “um ano da sentença”. Desde de janeiro, o Clube deveria pagar, mensalmente, cerca de “quatro euros para o pessoal” e cerca de “cinco euros para as Finanças”, sendo que a partir de julho as despesas seriam de “cerca de 11 mil euros”.
O clube tentou que a dívida fosse renegociada, mas “numa primeira fase já saiu a sentença, que não aceitou que fosse feita por este caminho”, estando, neste momento, “a elaborar um recurso”.
“Futuro das camadas jovens em risco”
Em comunicado, a direção afirma que “não está em condições de assegurar” que o Departamento de Formação e o Departamento de Futebol Sénior tenham “condições para chegar ao final da época com as suas atividades”. No caso das camadas jovens, a direção afirma que “as receitas obtidas pelas mensalidades cobradas aos atletas da formação são insuficientes para as manter em atividade”, dada a “impossibilidade de assinar o contrato programa de 2015 com a Câmara Municipal da Trofa”, o que “agrava drasticamente a situação e coloca o futuro das camadas jovens em risco”. O facto de o Clube estar em “incumprimento” com as Finanças e Segurança Social, fez com que não emitissem as “certidões” de não dívida, para se candidatarem ao apoio da Câmara Municipal da Trofa.
Quanto ao Futebol Sénior, “os jogadores, equipa técnica e departamento médico encontram-se com subsídios e ajudas de custo em atraso referentes a três meses”, sendo que “os jogadores e elementos da equipa técnica que transitam da época 2014/2015 têm também vencimentos em atraso”. Os funcionários do Clube encontram-se também numa situação de “cinco meses de salários em atraso”.
A direção apela a “todas as pessoas e entidades da Trofa a sua cooperação, no sentido de conseguir cumprir com os deveres previamente estabelecidos com os funcionários, jogadores e elementos afetos à equipa sénior, assim como fornecedores, proporcionando assim a estabilidade necessária para o êxito desportivo e institucional”.
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