Ano 2009
Muro de Abrigo resgata idosos da solidão
Já diz o velho ditado que “velhos são os trapos” e os idosos que frequentam a Muro de Abrigo sentem outra vitalidade quando pintam, escrevem, fazem ginástica e outras actividades que nunca experimentaram na vida. Habituados ao trabalho no campo, poucos são os que sabem escrever, ler e fazer contas, mas na Associação têm a oportunidade de aprender aquilo que perderam em crianças.
Maria Augusta Sousa, Almerinda Silva, António Ramos e Palmira Carvalho são alguns dos utentes que passam as tardes na Associação Muro de Abrigo. “Sentimo-nos felizes”, dizem por entre sorrisos, que confirmam que a terapia do convívio é, de facto, a melhor solução para ocupar os dias livres que agora têm, na idade da reforma.
“Aqui não estamos sozinhos”, referiu Maria Augusta Sousa que, apesar dos 82 anos, garantiu que não se sente “velhinha” e tem “sempre força para trabalhar”. Já Almerinda Silva, com 81 anos, recorda que “foi a melhor coisa” que lhe aconteceu, trouxe-lhe “felicidade”. Todos os dias arranja-se “à pressa” e “nem come a sopa” para às 14 horas estar na Associação. Aprender a ler, escrever e a pintar são algumas das actividades que distraem António Ramos, que, por estar “só em casa”, se encosta ao Muro de Abrigo. Todos rezam para que o projecto desta Associação nunca chegue ao fim e Palmira Carvalho também dá uma força: “Isto é bom, é o melhor que temos e oxalá que nunca acabe, peço ao Senhor que isto nunca acabe para podermos passar aqui um bocadinho de tempo”.
Jogar às cartas, fazer ginástica, pintar, cantar, escrever, ler e contar são algumas das actividades desenvolvidas pelos utentes deste espaço que nasceu há mais de quatro anos.
O “mimo e a atenção” dados por Fátima Silva, presidente da Associação e mentora do projecto, também são uma mais-valia. “Aqui mostram o que sabem e nós aprendemos sempre muito também e eles próprios começam também a perceber que valem muito, porque têm muito dentro deles, e por exemplo, alguns nunca tinham andado na escola, nem sequer sabiam escrever o nome”, explicou. Com a ajuda da presidente e da Assistente Social, Ana Isabel Araújo, os idosos conseguem “mesmo nesta idade desenvolver as suas capacidades e descobrir algumas que por vezes nem sabiam que tinham”, afirmou a assistente.
Mas a Muro de Abrigo serve ainda de refúgio para outras pessoas da terra. “A Associação Muro de Abrigo também se direccionou para o trabalho com rendimento social de inserção. Neste momento fazemos acompanhamento de processos de beneficiários de rendimento social de inserção das freguesias de Alvarelhos, Guidões e Muro. O que se pretende é que as pessoas que vivem numa situação de precaridade económica e desinserção profissional e social, tenham uma orientação de forma a que consigam autonomizar-se desse subsídio que é atribuído e que consigam organizar a sua vida”, explicou Ana Isabel Araújo.
Este é já o Muro de Abrigo de cerca de 30 idosos, das freguesias de Alvarelhos, Muro, Santiago de Bougado e ainda de fora do concelho como S. Pedro de Avioso, mas em fase de crescimento está já um novo projecto, a construção de uma nova sede para a Associação. “Neste momento temos o projecto feito, aprovado pela Câmara Municipal, pela Segurança Social e Delegação de Saúde, estamos à espera, em Lisboa, do financiamento que concorremos ao Programa Operacional de Potencial Humano – POPH, e estamos ansiosos que seja aprovado para podermos começar com a nossa construção”, adiantou Fátima Silva.
Este é um projecto que vai “albergar 30 pessoas em regime de internamento, 30 pessoas em apoio domiciliário, 10 pessoas em regime de Centro de Dia e 30 pessoas em regime de Centro de Convívio”, reforçou Fátima Silva, que apresentou ainda a inclusão de um serviço específico para pessoas com Alzheimer. Com ou sem a nova sede, “entretanto arranca o apoio ao domicílio que, mesmo sem ter as novas instalações, irá começar em breve”, lembrou a responsável.
Mas o que estes utentes desejam é que este porto de abrigo no Muro nunca deixe de funcionar. E a parte principal, de acordo com a responsável, “são as pessoas e a alegria” que este projecto transmite a todos os que estão de alguma forma ligados à Muro de Abrigo.
Para fazer parte deste grupo “têm que ser sócios, a cota tem o valor de 2,50 euros por mês, a jóia também custa 2,50 euros e agora pagam mais 2,5 por cento sobre a pensão do idoso, nunca mais de 10 euros e em muitos casos são apenas 5 euros”, reiterou Fátima Silva.
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