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Edição 475

Metro à Trofa: o direito à indignação é um direito sagrado

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A cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia; é a defesa e garantia dos direitos e deveres individuais e coletivos, respeitando o semelhante, as leis, o meio ambiente e participando ativa e politicamente nas decisões que interferem na vida em comunidade. A cidadania é a qualidade de cidadão, que goza dos direitos civis, políticos e sociais garantidos pela Constituição da República.

O cidadão com um forte sentido ético, e uma consciência da cidadania, não delega o poder de participação na vida comunitária ao mesmo tempo que contribui para melhorar o funcionamento das instituições, da comunidade e do país. Ser cidadão é ter um conjunto de direitos e obrigações, é ter igualdade perante a lei e poder participar no destino da sociedade, exercendo, ou não, o direito de voto. Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade e à cidadania plena.

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Quando é negado aos cidadãos a cidadania plena nasce uma fonte de indignação diante dos desmandos políticos ou dominações arrogantes e cresce uma vontade de cerrar os dentes, quebrar os ferros e lutar pelos direitos. O direito à indignação é um direito fundamental para o exercício da cidadania. Por tudo isto é que a história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos. A cidadania está em permanente construção e é um referencial de conquista da humanidade.

Vem tudo isto a propósito dos murenses e da sua justa luta pela ida do Metro à Trofa, reparando uma injustiça praticada há mais de doze anos. O comboio que servia as freguesias do Muro, Alvarelhos, Guidões e Bougados, desde 1932, foi “surripiado” em fevereiro de 2002, com a promessa de que, em seu lugar, haveria o Metro de Superfície. Passaram-se doze anos e nem comboio nem Metro de Superfície!

Os murenses nunca desistiram de lutar e num ato pleno de cidadania e inédito, a população não abriu as mesas de votos nas eleições presidenciais de 2011 e passadas as 48 horas que a lei impõe, com as urnas abertas, os murenses não votaram. Também foi entregue, na Assembleia da República, uma Petição com mais de oito mil subscritores a requerer o prolongamento da linha verde do Metro entre o ISMAI e a Trofa e, na sequência desta luta, a Assembleia da República aprovou um projeto de resolução (299/XII), que reforçava a urgência de se enquadrar esta obra no âmbito do cofinanciamento comunitário disponível ou a disponibilizar.

Há, atualmente, uma excelente oportunidade de o decisor político reparar o erro colossal, que praticou há doze anos. Para isso é preciso que a governação assuma que a obra do prolongamento da linha do ISMAI até Serra-Muro, numa 1ª fase e depois até à Trofa, seja prioritária e incluí-la na proposta final a apresentar à União Europeia. Que haja vontade política. Tão só!

O povo tem direito à indignação e a exprimi-la. Numa democracia, a indignação é um direito sagrado. Direito que em certas circunstâncias a cidadania transforma em dever. É legítimo, natural, que a indignação se manifeste quando um direito de cidadão é atacado. Foi isso que os murenses mais uma vez sentiram e viveram, na justa medida em que se sentiram traídos e “surripiados” do meio de transporte que sempre tiveram.

O desgosto, a raiva e a desilusão traduzida em indignação voltou ao quotidiano dos murenses e indignaram-se. Justamente!

José Maria Moreira da Silva
moreira.da.silva@sapo.pt
www.moreiradasilva.pt

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