Edição 605
Memórias e Histórias da Trofa: Um crime em Covelas
Corria o ano de 1927, estávamos em julho, no dia 17, numa das muitas manhãs do ano, quando tudo parecia continuar de forma tranquila como até aquele dia, ocorreu um acontecimento trágico em Covelas, no lugar de Vale de Alvite, um homem aparecia morto.
O corpo aparecia quase decapitado, um cenário de verdadeiro horror, era enorme a romagem de curiosos ao local e os jornais nacionais sediados do Porto, fizeram ampla cobertura ao acontecimento1.
O Jornal de Santo Tirso informou que a localização do cadáver era próxima da linha férrea a cerca de meio quilómetro adiante da Estação de S. Romão do Coronado, em terrenos da freguesia de Covelas.
A vítima residia no lugar de Quereledo e todos os dias saia para o seu trabalho de manhã, trabalhava na Mercearia Camões na Rua do Loureiro no Porto e deixou uma filha menor de 8 meses.
As causas da morte, além das facadas já referidas, foram também pancadas violentas no crânio.
Apareceu sem valores materiais, foi-lhe roubado: um relógio de prata, umas correntes de ouro, 150 escudos e até duas garrafas de vinho que transportava numa pequena caixa. O crime mostrou premeditação, aquele dia, era o dia que a vitima chegava mais tarde a casa do trabalho por volta da 1h da madrugada e os assassinos pareciam conhecer os rituais diários da vítima2.
Na edição seguinte da imprensa local, o mistério sobre o caso continuava a alimentar a opinião pública.
Os dois agentes policiais chamados: Costa e Ribeiro abandonaram as investigações, contudo, o administrador do concelho continuou com as mesmas para descobrir os autores dos crimes3. As autoridades policiais para fazer as diligências de investigação vieram do Porto. Apontados no início das investigações, pela família do infeliz, dois possíveis autores, devido a desavenças anteriores, que foram interrogados e ficaram detidos na cadeia de Santo Tirso.
O crime causou especial surpresa e motivo de conversa havia muito tempo que não ocorriam crimes daquela gravidade no concelho de Santo Tirso4.
António de Andrade Mota foi a vítima, conhecido popularmente por António Pacheco, sobre a história do seu assassinato, não consegui apurar em tempo útil a descoberta ou não dos seus assassinos e as respetivas condenações.
1O Trofense, S. Romão do Cornado 24-7, pag.3 31.07.1927
2Jornal de Santo Tirso – Em Covelas – Homem assassinado, pag.4 21 07.1927
3O Trofense, S. Romão, 7-8-1927, pag.3 14.08.1927
4Jornal de Santo Tirso, Em Covelas – Homem assassinado, pag.4 21.07.1927
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