Crónicas e opinião
Memórias e Histórias da Trofa: Capela de S. Roque em S. Mamede
A população do Coronado em tempos ido foi bastante fustigada pelas várias pestes que existiriam em século remotos e também próximo aos nossos dias. Não esquecer que há um século, a epidemia de Gripe Espanhola matava mais de uma dezena de pessoas por semana nesta freguesia.Na tentativa de receber apoio divino para a eliminação da peste, muitas foram as comunidades que prestaram culto a S. Roque, várias foram as capelas construídas um pouco por todo o país apelar à proteção divina e como agradecimento pela erradicação de um surto de peste. Recordando que entre os séculos XIV e XVIII várias foram as pestes que dizimaram a Europa.
Muitas dessas capelas perduram até hoje, exemplo próximo a capela localizada em Alfena além de muitas outras tradições festivas, contudo a crónica de hoje irá relatar uma capela que não chegou ao presente. Escrevendo sobre a Capela de S. Roque que terá sido construída aproximadamente a 1560 com o apoio de uma confraria que teve como juiz, Francisco Fernandes.1
A existência de uma confraria demonstra de imediato a grande importância que o seu culto teria, obrigando a existência de uma instituição para gerir e dignificar o seu culto.
Localizada junto à Igreja de S. Mamede iria beneficiar dessa sua proximidade e iria ser local de romagem, contudo, o seu templo deveria ser de construção simples, com linhas básicas porque a sua construção devia-se ao povo que não abundava em dinheiro, recordando que os membros desta classe social muitas das vezes tinham uma vida miserável.
Comprovando o argumento de ser local de romagem, referências nos Inquéritos Paroquiais de 1758 para a existência de uma festividade organizada por populares de Vilar que realizavam uma procissão com a sua imagem que a colocavam em exposição na capela. Desconhecendo o percurso dessa romagem, mas certamente seria um momento de grande importância ocorria todos os anos no 1º domingo após o dia de S. Roque que é 16 de agosto.
O Vale do Coronado apresentou sempre um elevado dinamismo económico e demográfico, esteve entre as freguesias mais populosas do futuro concelho da Trofa, apenas superada por Santiago de Bougado e Alvarelhos, mas com números bastante aproximados. Uma elevada dinâmica de progresso que iria ter implicações claras na sua rede viária e a localização da capela bloqueava a construção de um novo arruamento há muito desejado a ligar as freguesias de S. Romão a Nogueira da Maia.
A capela seria demolida em 19142, contudo perpetuou-se a sua antiga existência na toponímia local. Porém após analisar a imprensa local, foi possível verificar que em 1916 em junho3, era publicada a arrematação para a construção desse lanço de estrada que era descrito como capital importância, não sabendo se na capela tinha sido demolida previamente para a construção desta estrada ou se a realidade foi demolida posteriormente a 1914. Recordando que a Primeira República foi terrível para a Igreja Católica, com perseguição aos seus elementos, detenção de padres, proibição do culto religioso e esse ambiente teria certamente facilitado em muito a demolição daquele templo.
1 https://www.irmandadesaoroque.pt/percursos-de-sao-roque/12-capelas/153-capela-de-sao-roque-santo-tirso-coronado visto em julho 2018
2 https://www.irmandadesaoroque.pt/percursos-de-sao-roque/12-capelas/153-capela-de-sao-roque-santo-tirso-coronado visto em julho 2018
3 “Estrada da Maia”, Jornal de Santo Tyrso, junho 22, 1916
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