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Memórias e Histórias da Trofa: Obras da Igreja Matriz de Santiago de Bougado a toque dos sinos

A Igreja Matriz de Santiago de Bougado é um marco da nossa história e, obviamente, da nossa identidade. Muitos trofenses já celebraram ou assistiram, lá, à celebração de um sacramento.

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A Igreja Matriz de Santiago de Bougado é um marco da nossa história e, obviamente, da nossa identidade. Muitos trofenses já celebraram ou assistiram, lá, à celebração de um sacramento.
Aquele monumento de estilo barroco, desenhado por Nicolau Nasoni, marca a paisagem deste pequeno burgo que, conjuntamente com S. Martinho de Bougado, constituem a cidade da Trofa, e desde sempre esteve presente nos momentos mais importantes da história da sua comunidade.
Se formos escrutinar as atas de executivo municipal de Santiago de Bougado, é possível perceber que, inclusivamente, a residência paroquial que era anexa a este edifício funcionou como sede da Junta de Freguesia, mesmo em tempos conturbados da República, naquela fase em que o poder político e os seus atores se esforçavam, na sua maioria, para deixar bem vincadas as diferenças entre si.
No mês de fevereiro de 1911, concretamente a 26, tinha lugar a Comissão Paroquial Administrativa, que era presidida por Ayrez Dias de Faria Carneiro e em que estiveram também presentes os vogais Joaquim Dias Costas, Manoel Moreira Dias Carneiro, Manoel Domingues de Oliveira, Manoel Ferreira da Siva, sendo o regedor em exercício António Dias da Silva Gonçalves de Faria e por último o próprio pároco, Adelino Moreira de Araújo.
O ponto principal dessa reunião era executar obras de fundo na Igreja de Santiago de Bougado, uma vez que aquele templo, possivelmente, não tinha sofrido as obras necessárias de manutenção desde a sua inauguração.
As suas fragilidades concentravam-se sobretudo nas torres da igreja paroquial em que era necessário trocar as madeiras dos telhados para evitar que chovesse no seu interior, como também era importante fazer obras no sino da igreja que estava colocado na torre sineira do lado sul em bastante mau estado, não podendo ser utilizado enquanto não fossem realizadas obras.
O estado de degradação era tão elevado que se temia que o próprio sino se soltasse dos seus suportes e caísse abaixo da torre, podendo provocar vários danos como até perda de vidas humanas, sendo necessário inverter essa situação com a máxima brevidade possível.
Os orçamentos foram pedidos e acabaria por ser escolhida uma das propostas apresentadas, porque segundo o presidente do executivo estavam bem feitos e tinham de avançar com esta empreitada.
O passo seguinte para a concretização das obras era surgir a autorização do Governador Civil, num momento da nossa história administrativa em que estas figuras que representavam o poder político central tinham um papel preponderante na governação do território.
Nessa mesma reunião, o Sr. Presidente afirmaria que depois daquela reunião aplicaria uma multa ao Sr. Vogal que não estivesse às nove horas da manhã para as sessões ordinárias que era uma hora que tinha sido previamente marcada e por conseguinte previamente aprovada. Todavia, poderiam faltar, mas tinham de justificar essa situação.
Os elementos do executivo possivelmente chegariam atrasados e era necessário mostrar honra e profissionalismo nas funções que eram desempenhadas, sobretudo, num momento conturbado da história que o país tinha saído de uma revolução há pouquíssimos meses.
Na reunião seguinte, que se realizou a 5 de março de 1911, seriam novamente discutidas matérias ligadas ao culto religioso católico, discutindo-se o preço dos enterramentos no cemitério que ainda era provisório, como também o número de toques dos sinos para comunicar a partida de um bougadense.
O preço que se pagava se tivesse de um até cinco padres, mais o toque dos respetivos sinos, seria 700 reis, um valor considerado elevado para a época, próximo de um ordenado mensal para a maioria dos operários.
Na referida reunião também ficou aprovado que o coveiro seria Manoel Alves da Costa Pereira, que era natural da freguesia de S. Martinho de Bougado, com a obrigação de não poder levar mais do que estava marcado previamente, devendo também realizar a limpeza aos vários espaços comuns quer do cemitério, como dos acessos ao mesmo.
O poder político era obrigado a tomar várias medidas de forma célere para que a transição política da Monarquia para a República ocorresse sem grandes sobressaltos e a calma e a normalidade reinassem neste território.

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