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Edição 598

Memórias e Histórias da Trofa – Heliodoro Salgado

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Antes de iniciar mais uma crónica sobre a história e memórias da Trofa, tenho de enaltecer o elevado número de obras que tem surgido sobre estórias do nosso concelho.
Lendo uma das obras é abordada a pessoa de Heliodoro Salgado, colocando a sua figura como sendo um poeta que teria nascido em Santiago de Bougado e o autor procurava mais informações sobre ele.
De facto, Heliodoro Salgado nasceu em Santiago de Bougado na Lagoa em julho de 1861. O seu pai era engenheiro e colaborava na construção da estrada Porto – Braga, na correção do seu traçado e nas obras realizadas anteriormente na construção da Ponte Pênsil sendo essa a razão para ter nascido no nosso burgo.
O seu pai chamava-se Eduardo Salgado e a sua mãe Joaquina Reis e geraram mais dois filhos, Amália Salgado, professora e Augusto Salgado, militar envolvido na revolta de 31 de janeiro em conjunto com Heliodoro, que foi um dos poucos maçons vindos de Lisboa para participar no golpe.
A saída de Heliodoro Salgado da Trofa é motivada pela morte do seu pai em 1870, ocasionando que continuasse a sua formação académica no Colégio dos Órfãos no Porto.
Heliodoro Salgado ao longo da sua vida apenas editou um livro de poesia e alguns poemas soltos nas publicações republicanas. Mas o seu contributo para a sociedade é muito mais que poesia, é sim um enorme trabalho inigualável para a instauração da República.
Um lutador, um acérrimo defensor do republicanismo, defensor de primeira linha da classe operária, procurando ensinar os operários e os seus filhos, tentando erradicar o analfabetismo, um intervencionista que procurava que os operários tivessem melhores condições de vida e de trabalho.
Apoiante da igualdade de direitos, abolição da escravatura e contra o trabalho infantil, segundo ele o lugar de uma criança é na escola e não numa oficina.
Mostrou ser das figuras republicanas mais preparadas e a forma acalorada, apaixonada e franca com que defendia as suas causas motivou que os seus textos fossem vitimas da censura acabando preso por delito de excesso de liberdade de imprensa por duas vezes.
Ganhou o respeito da classe operária e no dia do seu funeral estiveram presentes mais de 100 mil pessoas, um dos maiores acontecimentos socais em Lisboa em 1906.
Uma enorme figura da sociedade portuguesa que nasceu na Trofa, que à data da sua morte a sua mãe ainda aqui vivia com 85 anos de idade e orgulhava-se do seu percurso do seu filho que infelizmente não assistiu à instauração da República em 1910.

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