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Memórias e Histórias da Trofa: Dinamismo Económico de S. Martinho

Como é de conhecimento geral, a região de Bougado, sobretudo S. Martinho, após a chegada do comboio em 1875, acabaria por sofrer um processo de transformação económica bastante acelerado.

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Como é de conhecimento geral, a região de Bougado, sobretudo S. Martinho, após a chegada do comboio em 1875, acabaria por sofrer um processo de transformação económica bastante acelerado.
As várias ligações que o caminho de ferro proporcionava eram fundamentais para potenciar o crescimento económico a curto prazo, ficava tudo mais próximo desde os mercados para escoar os produtos, como também as próprias matérias primas.
A pujança económica quando existe é algo que deve ser acarinhado e até mesmo potenciado, porque se formos práticos, é evidente que sem atividade económica todas as outras atividades, quer sociais, como também culturais, são meras miragens ou mesmo utópicas.
O crescimento económico da freguesia ia-se revelando em vários pontos, sobretudo no aumento das unidades industriais nos seus limites geográficos e eis que nos finais do ano de 1944 era discutida com bastante vigor a criação de uma feira semanal.
Os elementos da população de diferentes setores sociais e económicos tinham reunido previamente e criado uma comissão, que tinha o principal objetivo de que fosse possível a realização de uma feira semanal.
Nessa mesma reunião, apesar de extraordinária – cuja lei e regulamentos obrigam que seja para discussão de um ponto específico -, estava também prevista a votação do orçamento para o ano de 1945, com a particularidade de ter sido votado anteriormente à ordem de trabalhos.
O presidente não podia estar presente e fez-se representar por um vogal, porque tinha um impedimento legal – que desconhecemos -, sendo Joaquim da Costa Gonçalves a ocupar esse lugar.
Joaquim da Costa Gonçalves foi bastante claro no seu discurso, afirmando que reconhecia a justiça de o povo desta terra exigir a realização de uma feira semanal, até porque era uma necessidade que estava já a estrangular o crescimento em várias vertentes, seja industrial, comercial ou até mesmo agrícola.
O próprio não se inibia de afirmar que S. Martinho de Bougado era a segunda freguesia do concelho de Santo Tirso que detinha a maior atividade económica, sendo apenas ultrapassada pela sede de concelho, sendo, portanto, um importante centro populacional do Norte e com uma importância comercial superior à de muitas vilas no país.
Apelava-se à realização desta feira para ser possível abastecer a população, dinamizando o comércio local e até mesmo a própria lavoura que, aparentemente, ia-se desenvolvendo paralelamente à indústria. Um desenvolvimento em duas áreas, obviamente a velocidades distintas, mas que não deixa de ser importante referir, até porque sabemos os atropelos que foram feitos à agricultura nesta fase do século XX, para se desenvolver a indústria, sobretudo nos subúrbios dos grandes centros populacionais.
Uma fundamentação que não se centrava apenas e só na freguesia de S. Martinho, mas, igualmente, nas freguesias vizinhas, concretamente nos elementos da sua população que não necessitariam mais de realizar longas viagens para realizar os seus negócios, atraindo população de fora da Trofa.
As decisões relativamente a esta atividade económica era responsabilidade do poder político local, concretamente da Câmara Municipal de Santo Tirso que tinha nas suas competências, os poderes necessários para definir o estabelecimento destas feiras, a duração, a mudança, entre outros tópicos.
O apelo para a Câmara Municipal acabaria por seguir, definindo, todavia, num primeiro momento, o dia em que se deveria realizar, concretamente ao sábado, embora o local ainda estivesse em equação, não existindo aparentemente um predileto, pelo que é possível depreender da análise dos discursos dos intervenientes.
Um representante da Junta, assim como os elementos da referida comissão iriam aproximar-se do presidente da Câmara para, de forma mais célere possível, promulgar a autorização para a realização daquela feira.
Apesar do crescimento económico ser em parte desenfreado, com a atividade industrial a alimentar esse desenvolvimento, eis que semanas depois haviam relatos dos abusos dos pastores que deixavam as suas ovelhas e outros animais pastarem nos terrenos que eram logradouro da freguesia e danificavam, os jardins e até mesmo nas roseiras, demonstrando que apesar de as chaminés dominarem cada vez mais a panorâmica, eis que ainda haviam vários rebanhos de ovelhas no centro da cidade e que na falta de pasto, os jardins públicos eram o repasto daqueles animais.
Imaginem o que seria ter neste momento um grande número de ovelhas, todos os dias a pastarem no Parque Nossa Senhora das Dores, com total normalidade e sobretudo tranquilidade, caso isso acontecesse o proprietário dos animais pagaria uma multa se fosse a primeira vez no valor de 10 escudos e se fosse reincidente seria de 20 escudos.
Retornando à feira, a sua realização tinha sido previamente aprovada se fosse concretizada de 15 em 15 dias, mas, não ao sábado, seria à quinta ou à sexta feira.
A medida causava resistência porque era o dia da realização de outros importantes mercados, nomeadamente Barcelos e à sexta feira a ser em Vila do Conde, empurrando novamente o pedido para o dia de sábado.
Como é de conhecimento geral, seria uma questão de tempo até aprovar a realização das feiras ao sábado e assim concretizar mais um importante avanço para o desenvolvimento económico desta região que parecia não ter fim e era cada vez mais a certeza de um futuro melhor que se esperava que fosse para todos os elementos da comunidade trofense.

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