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Memórias e Histórias da Trofa: As dificuldades financeiras da Junta de Paróquia de Alvarelhos

Aos trinta de junho de 1912 a Junta de Freguesia de Alvarelhos na residência paroquial reunia a sua comissão administrativa sob a presidência do cidadão José Rodrigues Vieira

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Os primeiros anos da República foram altamente instáveis, a mudança era abrupta, não existiam muitos regimes republicanos na Europa, como vizinhos tínhamos uma monarquia bastante carismática e Portugal parecia navegar em contra corrente com o que se passava na Europa.
O poder local procurava afinar as agulhas com os organismos nacionais e distritais, no que respeita a questões financeiras, porque existiam bastante dúvidas relativamente às verbas a receber e até ocorriam mesmo atrasos nos pagamentos e as juntas tinham a sua vida complicada até porque ficavam no fundo da pirâmide do poder e logo, eram descartados das prioridades.
As freguesias do futuro concelho da Trofa não eram exceção e tinham muitas das vezes os seus autarcas de se adaptar a essa situação e o que irei relatar é um exemplo flagrante desse conjunto de circunstâncias.
Aos trinta de junho de 1912 a Junta de Freguesia de Alvarelhos na residência paroquial reunia a sua comissão administrativa sob a presidência do cidadão José Rodrigues Vieira estando presente os vogais António de Oliveira Maia, António de Moura Coutinho, Bernardino da Silva Azevedo, Faustino Gonçalves Ferreira, como também o regedor António Ferreira de Macedo.
Os nomes são sempre fontes sem fim de história, um percurso longo a percorrer que pode ser feito com a ajuda de algum familiar que ainda esta presente e nos possa elucidar sobre o percurso.
O executivo reunia-se para discutir diversos assuntos, fundamentalmente sobre questões financeiras, nomeadamente um empréstimo não cumprido.
O empréstimo nas formas de letras tinha visto ser vencido no valor de trezentos mil reis, sendo o credor um popular da freguesia, nomeadamente Joaquim Alves Maias, que alegava não estar muito preocupado até aquele momento.
Apenas reforçava que apesar da facilidade financeira que o mesmo gozava, não podia descurar o pagamento da respetiva letra, mas, em causa estava também o pagamento em juros.
A Junta de Paróquia podia adiantar 150 mil reis para tentar liquidar a dívida ao caseiro e proprietário, sendo que essa pessoa como era abonada no conhecimento de todos, foi aprovada por unanimidade que se fosse aprovado por unanimidade.
Um pequeno parêntesis deve ser concretizado nesta explicação histórica, sobretudo se atendermos à profissão do elemento em questão, alusão para proprietário que deveria ser dos poucos casos no futuro território da Trofa, fundamentalmente se atendermos que a maioria dos elementos da comunidade tinham recursos bastante limitados financeiramente.
O seu património imobiliário devia ser extenso, até porque através do mesmo teria de se financiar e ser o seu principal meio de subsistência, uma espécie de especulador imobiliário dos dias de hoje.
No seguimento do escrutínio relativo ao empréstimo, acabaria também o juro por ficar fixado no seguimento dessa reunião, na razão dos 5%, como também a recomendação para não fixar novamente prazos nos pagamentos de empréstimos porque as datas de entrada das receitas eram bastante voláteis.
Uma informação relativamente a esta situação e que traduz alguns conhecimentos no formato que era realizada a contabilidade financeira das juntas de paróquia, nomeadamente a de Alvarelhos em que afirmava que o dinheiro estava à guarda de um banco localizado na Rua Mouzinho da Silveira, possivelmente no Porto.
No fundo, as dificuldades financeiras da Junta de Freguesia de Alvarelhos acabaram por ficar a nu, não tinha capacidades naquele momento por fazer face aos seus encargos e era obrigado a renegociar um empréstimo que conseguia com sucesso essa tarefa.

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