Crónicas e opinião
Memórias e Histórias da Trofa: A velhinha matriz
“Sendo que a primeira referência à Igreja em questão surgiria em 1258 nas Inquirições Gerais de D. Afonso III que referem que aquelas instalações eram pertença do Mosteiro de Santo Tirso, sendo uma informação confirmada pelo Monge Pedro que era o pároco naquele momento da história.”
Os habitantes do concelho da Trofa, seguramente na sua grande maioria, conhecem a Igreja Matriz, que ocupa o morro adjacente à antiga estação.
O templo mais antigo da Trofa é local de culto desde há vários séculos, sendo na atualidade apenas reflexo das reformas que foi sofrendo até à atualidade.
Aliás, naquele espaço geográfico, no momento em que a linha de comboio foi construída, vários foram os achados arqueológicos encontrados nas suas redondezas, demonstrando a antiguidade da ocupação daquele espaço, sendo várias as vivências ao longo dos séculos, comprovando as referências anteriores à ocupação do território.
Não podemos ignorar que, próximo de nós, temos o milenar Mosteiro de S. Bento, em Santo Tirso, através do qual os seus monges, nos territórios da proximidade, deveriam fazer um trabalho constante de evangelização e reforço das ideias católicas. Não é por acaso que surgem, aproximadamente a esta data, as referências a algumas das localidades, na atualidade, fruto dos oratórios que eram colocados. No século XI, ainda antes da nacionalidade lusa ser uma certeza e recuando ao século anterior a 978 como provável fundação do mosteiro – e como barómetro do tempo a confirmação da informação realizada no início relativamente à nacionalidade.
Os impulsionadores do culto em S. Martinho de Bougado foram, seguramente, estes padres que no século XI construíram a primitiva igreja que seria de reduzidas dimensões e obviamente frágil. Sendo que a primeira referência à Igreja em questão surgiria em 1258 nas Inquirições Gerais de D. Afonso III que referem que aquelas instalações eram pertença do Mosteiro de Santo Tirso, sendo uma informação confirmada pelo Monge Pedro que era o pároco naquele momento da história.
Posteriormente, seguindo os exemplos de outras paróquias, eis que em 1287 é feito um acordo entre o abade do Mosteiro de Santo Tirso e o bispo do Porto que sede e passa para domínio da diocese.
Assistimos a uma mudança de propriedade, deixando de ser pertença dos monges de Santo Tirso para responder diretamente com a diocese do Porto.
Seria taxada em 65 livras para a luta contra os mouros em 1320, num momento em que os combates eram cada vez mais aguerridos e era necessário evitar as várias tentativas de assédio.
No decorrer do século XVIII várias foram as obras realizadas neste tempo na tentativa de o ampliar fruto de cada vez mais crentes em resultado do desenvolvimento daqueles territórios e da sua importância crescente, sendo que esse templo terminaria a sua vida útil em 1780.
No referido ano era construído o atual templo que apesar de tudo ainda várias obras sofreria para ter o aspeto atual.
Recentemente foram realizadas obras de restauro não se conseguindo compreender que seria o ideal para realizar várias ações de arqueologia que seguramente poderiam dar respostas, a várias questões da história do território, poderia e deveria ter sido acompanhada por trabalhos arqueológicos atendendo que já é utilizado desde o século XI, há dez séculos precisamente mil anos, mas existem questões que ultrapassam o limite da lógica que apenas faz perpetuar os mitos e as ideias que podem ser erradas da nossa história.
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