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Edição 615

Memórias e Histórias da Trofa: A gripe espanhola e a fome nos Coronados

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A 1ª Guerra Mundial estava a fazer sofrer a população, acabando de sair da epidemia de tifo, o povo enfrentava uma nova epidemia, a gripe espanhola entrava em força em Portugal e nos Coronados ia fazer-se sentir com especial clarividência.
Na primeira semana do mês de novembro, morreram 11 pessoas1, o cenário roçava o apocalipse, não bastava morrer praticamente à fome, o poder central não conseguia fornecer alimentos, existem relatos que o milho faltava por vezes durante mais de 15 dias2, sabendo as graves consequências que uma frágil alimentação tem para a saúde do ser humano, havia a gripe para levar os resistentes do vale do Coronado.
A iniciativa privada após muitos esforços, conseguia trazer para a freguesia, um abastecimento de milho, sendo recebido com enorme euforia pela população na estação e encaminhado para o celeiro popular da freguesia.3
A saúde pública na epidemia da Gripe Espanhola via piorar o seu cenário com a deslocação do médico de serviço ao Coronado para outras localidades, ficando os doentes locais à sua sorte sem retaguarda, sem tratamento e com condições propicias para a propagação da doença.
A escalada da doença era galopante, a Semana Thyrsense relata que praticamente metade da população do Coronado estava afetada e a mesma doença já tinha chegado às freguesias vizinhas.
Devendo destacar que o caminho de ferro era o meio de deslocação para a população e que a gripe espanhola facilmente se propagava nas multidões, sendo um transporte utilizado por muitos e com paragem na localidade, a propagação da doença no Coronado estava assim facilitada e poderá a sua disseminação ter sido apoiada nesse motivo.
Na “hora do aperto”, o ser humano apela à ajuda divina para colocar termo a uma situação nefasta, rapidamente a população de S. Romão organizou uma peregrinação pelas ruas da freguesia em honra ao Mártir de S. Sebastião.
Dois andores, um deles do Mártir de S. Sebastião e o outro com a imagem de Cristo Cruxificado, uma banda de música e por fim sermão na Capela de S. Bartolomeu era necessário apelar a Deus para ajudar uma população que sofria com a peste e com a fome.4
A 1ª Guerra Mundial afetou gravemente a população do Coronado deixando um rasto de destruição.

1 Semana Thyrsense, S. Romão do Coronado, 03.11.1918, pag.3
2 Semana Thyrsense, S. Romão do Coronado, 01.07.1917 pag.3
3 Semana Thyrsense, S. Romão do Coronado, 20.05.1917 pag.3
4 Semana Thyrsense, S. Romão do Coronado, 20.10.1918, pag.3

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