Edição 485
Mau cheiro em ribeiro causa preocupação
Moradores da Rua Moinhos da Lagoa, em Santiago de Bougado, queixam-se do cheiro nauseabundo que vem do troço do Ribeiro das Pateiras e que há pelo menos dez anos está por resolver.
“Tem sido normal, no verão, este ribeirão secar completamente, mas como se pode ver não é efetivamente água que por lá corre mas sim esgotos. Pode-se verificar à vista desarmada que estão a ser lançados para este ribeiro resíduos (parecem) industriais, dejetos e sabe-se lá mais o quê, e que, a curto prazo, se não forem tomadas medidas, irá ser um problema grave de saúde pública”. Este é apenas um trecho da carta enviada por Carlos Costa, em agosto de 2004, a várias entidades, como Câmara Municipal da Trofa, Junta de Freguesia de Santiago de Bougado, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), ADAPTA (Associação para a Defesa do Ambiente e do Património da Região da Trofa) e Trofáguas.
Dez anos passaram e a situação mantém-se. O cheiro nauseabundo que vem do troço do Ribeiro das Pateiras, na Rua Moinhos da Lagoa, em Santiago de Bougado, tem deixado os moradores com os nervos em franja. Em 2004, Carlos Costa enviou um documento às várias entidades, onde mencionou que as “diversas transformações e entubações” que o curso do ribeiro sofreu fez com que “desembocassem no mesmo esgotos, provocando na zona e a céu aberto, um cheiro pestilento e nauseabundo que se pode sentir a dezenas e dezenas de metros do local”.
Cansados desta situação e depois de terem encontrado o troço de ribeiro com uma cor alaranjada e maus cheiros – que não permitiam estar muito tempo junto ao local –, o casal Carlos Costa e Maria da Luz Costa contactou, na sexta-feira, 1 de agosto, o NT para expor a situação, que considera ser “um perigo para a saúde pública”. “Esta situação é característica no verão, porque não há chuva e as águas pluviais não arrastam isto, por isso as águas estagnam aqui, tudo o que é esgotos ou seja lá o que é isto para aqui. Já falei com diversas entidades, como é o caso da Trofáguas, CCDR, Câmara Municipal, Junta de Freguesia e SEPNA e todos eles vêm aqui e falam mas ninguém resolve a situação”, completou.
Carlos Costa não compreende o porquê de o assunto estar a demorar tanto tempo a ser resolvido, pois “tem que haver um cadastro quer das águas pluviais, quer do saneamento” e os responsáveis “têm que saber de onde vem isto”. “Se formos ver as caixas de visita para lá do Nova Trofa, o Ribeiro está completamente seco. Portanto, aquilo passa-se a partir das imediações do edifício Nova Trofa até aqui. Era facílimo virem aqui, seguirem o cadastro das caixas e ver de onde é que parte isto”, adiantou.
Para o morador, esta situação é “erro humano”, porque “as gorduras e os esgotos não nascem, têm de ser de alguém que faça isso”, estando na altura das entidades competentes “atuarem em conformidade”. Se o troço “não pertence a ninguém”, Carlos Costa afirmou que “não tem problema nenhum” em colocar “um camião de betão e fechar” o troço.
Maria da Luz Costa contou ainda que, no “ano passado, a vizinha foi ao Hospital por causa da mosquitada que aparecia”, porque foi “picada e não passava”. Além disso, apesar de terem água do poço, os moradores “não a podem usar” e uma das moradoras chegou a comentar que “o cheiro que tinha no troço era o que tinha nas torneiras”.
O que mais deixa indignados os morados é que “em 2010” quando o ribeiro ficou “todo poluído” com “calda do betão” das obras do túnel dos caminhos de ferro, “apareceram logo as entidades do ambiente da Trofa”, o “caminho todo da zona do ribeiro” foi limpo e “a empresa até pagou uma multa”. Mas agora, “não é de ninguém”.
Contactada, fonte do SEPNA do Porto, adiantou ao NT que o que corre no ribeiro “não serão descargas, mas um conjunto de situações de saneamento que eventualmente não estarão nas melhores condições”, estando o “assunto a ser investigado” e depois de recolhidos os “dados necessários” vão ser “comunicados às entidades competentes, nomeadamente a administração dos Recursos Hídricos, Câmara Municipal e Trofáguas, para que no âmbito das suas competências possam dar alguma solução”. “Não estávamos a ver alguma situação de que alguém tenha de uma forma dolosa feito alguma descarga. É uma situação que existe permanente, na altura do inverno é menos preocupante porque há mais corrente de água e as coisas vão-se diluindo e no verão tornam outras dimensões”, concluiu.
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