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Edição 466

Manifesto dos 10 milhões

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Ricardo Garcia

Quem é militante de um partido, tem, normalmente, acesso a informações em primeira mão que a maioria dos portugueses só terão conhecimento a curto e médio prazo (quando digo militante, quero dizer o cidadão que tem uma actividade assídua na orgânica de um qualquer partido e não a classe de militantes que aparece quando existe um acto eleitoral). Sendo eu militante de um partido e participando sempre que posso nas mais diversas tarefas que isso acarreta (reuniões, distribuição de propaganda etc.), acabo por aceder a um conjunto de informações que muitas vezes ainda não está acessível à maioria dos portugueses. Não quero com isto dizer que temos uma espécie de informação privilegiada ou segredos de Estado. Quero, isso sim, dizer que muitas vezes se discutem matérias que não estão, no momento, na ordem do dia. Como desabafo pessoal, muitas vezes queria que aquilo que oiço ou leio não se tornasse realidade e para uma visão mais optimista que se fosse a tempo de evitar certos cenários. Quem, há 10 ou 15 anos, discutisse num qualquer seminário sobre a actual condição de funcionário público era chamado de maluquinho e ninguém levava a sério. Pois. No meu partido (o das famosas cassetes) este ataque sem precedentes aos direitos conquistados pelos funcionários públicos (e a reboque ao sector privado) já é um tema discutido há alguns anos, pois determinados sectores ideológicos mais reaccionários na nossa sociedade e em modo subterrâneo, não têm descanso no ataque ao sector público: despesista, ineficiente, sem lugar numa economia moderna e seus respectivos funcionários. Professores, médicos, auxiliares de educação e técnicos das mais diversas áreas são o estereótipo do trabalhador mandrião sem deveres e só com direitos. Como assistimos ao vivo, a cores e na pele, o estado está a privatizar tudo e provavelmente no próximo orçamento tem como plano B para receita extraordinária a venda parcial do mar ou do Parque Nacional Peneda-Gerês. Com esta gente tudo é possível, mas com a luta do Povo eles ganham medo e pedem refúgio nos gabinetes do FMI e do Goldman Sachs.

Pois. O famoso Manifesto dos 70 para mim peca por tardio. Desde 2011, o PCP vem defendendo a renegociação da dívida pública (para termos uma ideia, o montante de juros anual é mais do dobro do investimento público e é equivalente ao orçamento do Ministério da Saúde). O que era irresponsável, esquerdista e lunático, afinal, parece algo normal, logo que seja subscrito por “notáveis” e de preferência com pergaminhos no Ministério das Finanças em governos dos últimos 10/15 anos como António Bagão Félix ou Manuela Ferreira Leite.

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Nos últimos dias tivemos conhecimento através das redes sociais de uma oferta para um estágio curricular não remunerado na Danone, com direito a almoço no refeitório e uma caixa de 24 iogurtes por semana. Uma vez que muita informação que circula na internet é falsa ou truncada, mantenho as minhas reservas sobre a veracidade desta oferta. Verdadeira é a opinião de Isabel Stilwell e Eduardo Sá no programa da Antena 1 “Dias do Avesso “. Alguns trechos: “esta geração partiu de um nível de vida muito alto” (Isabel Stilwell) “a geração que não precisa de esfolar os joelhos para aprender” (Eduardo Sá). Cá para mim pagava a prosa da Isabel Stilwell em papel gourmet e dava ao Eduardo Sá uns podcasts e betadine para os joelhos.

Ricardo Garcia

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