Crónicas e opinião
Linha do Equilíbrio | “Sou teu amigo sim”
Um dos sentimentos mais especiais que une os seres vivos é o amor, sendo reconhecido e aclamado quando acontece entre os humanos, mas, cada vez mais, estende-se entre os humanos e os animais.

Um dos sentimentos mais especiais que une os seres vivos é o amor, sendo reconhecido e aclamado quando acontece entre os humanos, mas, cada vez mais, estende-se entre os humanos e os animais.
Identificar, nesse contexto, as diversas formas de o amor se manifestar, tem sido alvo de vários estudos, também pela psicologia, seja pela necessidade de compreender um construto tão complexo ou, simplesmente, pela sua dificuldade em o quantificar. De entre as múltiplas formas de manifestar o amor, onde estão incluídos, por exemplo, o amor romântico, o amor à família ou amigos, ou, até mesmo, o amor-próprio, o que vamos realmente focar é o amor demonstrado de forma recíproca entre humanos e animais de estimação.
No passado, a relação entre as pessoas e os animais começou quando o ser humano deixou de ser nómada, sentindo necessidade de domesticar os animais para ajudarem nas atividades mais difíceis, como na agricultura, na caça e na proteção, entre outras tarefas. Esta situação foi moldando o comportamento e o temperamento, quer dos animais, quer dos seus “donos”, tornando-os mais conhecedores das caraterísticas mútuas, sendo que este maior conhecimento ajudou também a fortalecer os vínculos entre os animais e os seus tutores.
Hoje, a relação entre as pessoas e os animais de estimação mudou, passando os animais a serem descritos e tratados como parte integrante da família, sendo esta convivência cientificamente comprovada como benéfica para ambos, conduzindo à criação de laços importantes, trazendo um impacto positivo na saúde física e mental das pessoas de qualquer idade.
Em termos de saúde física e mental, verifica-se que os animais são ótimos companheiros e aliados no combate a algumas condições de saúde, tais como o sedentarismo ou o isolamento. Além disso, potencia a calma, a regulação emocional, contribuindo para a diminuição das preocupações e do stress, entre outros estados emocionais. Para além destes fatores, promovem o sentido da responsabilidade e de cuidado dos seus tutores, fazendo muitas vezes com que o tutor se sinta necessário, aumentando a imagem que tem de si. Nas crianças, os animais são descritos por estas como o “melhor amigo” e, de entre todos os benefícios estudados, um dos efeitos positivos é o afastamento da tecnologia para brincarem com os seus “amigos”, ajudando, ainda, no desenvolvimento das suas competências sociais.
Os animais de estimação são realmente uma fonte de amor genuíno, demonstrando estarem sempre disponíveis para os seus tutores, recebendo-os com afeto depois de um dia de trabalho ou de escola.
Dos animais diz-se que são leais, confiam “cegamente” nos seus tutores, ajudando na construção de uma relação única, longa e enriquecedora. Numa pequena analogia alguém contou, ficcionando: “imagine que coloca na mala de um carro alguém conhecido e, passado três ou quatro horas abre a mala do carro. O que vai acontecer? A pessoa vai injuriá-lo, zangar-se e trata-lo do pior, certamente, vai haver problemas. Se você fizer isso a um cãozinho, quando abrir a mala do carro ele vai saltar de felicidade por vê-lo, para lambê-lo e fazer-lhe festas”.
Claro que estamos a evidenciar apenas uma perspetiva na relação homem/animal e existem outras variáveis que devem ser ponderadas sobre a possibilidade ou adequação de assumir um animal de estimação, já que os animais requerem disponibilidade de tempo e financeiras para as suas rotinas e cuidados especiais. No fundo, há que levar em conta que quando se adota um animal de estimação também emerge uma responsabilidade pelo seu tratamento e um compromisso para toda a vida, nos bons e nos maus momentos.
Logo, ao falar de Amor incondicional, temos de incluir o amor de e pelos animais de estimação, pois esse amor representa um vínculo emocional, profundo e tem um papel crucial no nosso bem-estar, principalmente quando nos olham como se tentassem comunicar connosco, sem julgamentos, afirmando “estou aqui para ti” e “sou teu amigo sim”!