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Linha do Equilíbrio: Presos na rede!

Como funcionam como modelos para os seus filhos, os pais também devem dar o exemplo e imporem a si próprios regras de utilização dos meios tecnológicos.

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Há muito que a internet faz parte do nosso dia a dia, sendo considerada uma ferramenta de comunicação fundamental quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Assim, as suas vantagens são reconhecidas, nomeadamente a forma como facilita a transmissão de informações, conectando-nos globalmente uns aos outros e sem “sairmos do sítio”.

Esta nova era digital, que veio para mudar o mundo, trouxe consigo novas formas de interação, ou da falta dela, fazendo com que estejamos longas horas presos a um ecrã, seja de uma forma lúdica ou por necessidades de trabalho. Então, se para trabalhar, é uma obrigação, sendo comum passarmos largas horas em frente ao ecrã, que em alguns casos chegará às 8 horas/dia, já nas restantes horas livres a mentalidade terá de ser diferente…

Os estudos apontam que as utilizações dos recursos tecnológicos em excesso prejudicam a nossa saúde e, atualmente, o que percecionamos é uma maior dependência, tornando-os imprescindíveis para o nosso quotidiano, principalmente nas nossas horas livres. Esta dependência, chamada de monofobia (medo irracional de estar sem recursos tecnológicos, tais como o telemóvel, tablets e consolas), traz consigo inúmeras consequências físicas, psicológicas e sociais.

As consequências físicas mais visíveis são a diminuição da visão e da audição, a obesidade, o sedentarismo e as dores de pescoço. A nível das consequências sociais, temos como principais o isolamento, a perda de interesse em atividades sociais e, naturalmente, a falta de interação com outras pessoas. Contudo, a nível psicológico as consequências são evidentes. Tal exposição leva a que os utilizadores exprimam maiores níveis de ansiedade, maior irritabilidade, menor tolerância à frustração, maior distração, menor foco atencional e insónia, para além da perda de noção de tempo perdido e da crescente “necessidade de validação”, sendo percebida esta validação unicamente pelo maior número de likes, entre outras interações.

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Às crianças, os recursos tecnológicos são apresentados cada vez mais cedo, passando estes a funcionar como uma forma de as “sossegar”. As consequências do uso excessivo dos recursos tecnológicos, bem como o reduzido controle parental do tempo despendido nestes são claras. Neste sentido, nas crianças, as eventuais consequências manifestam-se para além das socioemocionais e cognitivas, também nas perturbações de linguagem. Acrescenta-se também que as brincadeiras, ditas tradicionais, como fazer puzzles ou construir legos, deixam de ser atrativas quando comparadas com o uso dos telemóveis, tablets ou computadores.

Nos jovens, os aumentos da dependência dos recursos tecnológicos também se têm manifestado, tais como a tendencial desmotivação escolar e por outras atividades, bem como exteriorizarem maior agressividade quando interrompidos e, ainda, um maior comportamento obsessivo, particularmente, gerir a sua vida em função dos recursos tecnológicos.

O que podemos fazer para alterar o curso da crescente dependência dos recursos tecnológicos no nosso quotidiano?

A primeira coisa será encontrar o equilíbrio e perceber que uma dependência é sempre uma perturbação. Há muito tempo, a psicologia identificou várias dependências que necessitavam de intervenção, como a dependência alcoólica, das drogas ou dos jogos. Aparece a monofobia como uma dependência mais recente, mas, à semelhança das anteriores, com possibilidade de traçar um caminho para o seu tratamento.

Assim, cabe aos pais controlar o tempo despendido nos recursos tecnológicos, impondo regras de utilização, consoante a idade dos filhos, fomentando pausas entre as utilizações. Como funcionam como modelos para os seus filhos, os pais também devem dar o exemplo e imporem a si próprios regras de utilização dos meios tecnológicos. Torna-se também importante estabelecer momentos sem dispositivos, sendo importante durante o trabalho, o estudo e as aulas colocar o telemóvel em silêncio. Outro ponto importante é estabelecer prioridades, praticar atividades com os outros (filhos, amigos), bem como evitar o uso de dispositivos assim que se aproxima a hora do deitar.

Estas são algumas das estratégias a adotar para controlar o seu tempo, mas se está ou sente que está demasiado “preso na rede”, tome consciência disso e procure libertar-se, pois a vida é bem melhor sem dependências…!

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