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Linha do Equilíbrio: Para além do amor…

“Ser cuidador informal de um familiar “mais velho” já é considerada uma situação comum no seio familiar. E como ser cuidador informal de um filho?”

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O amor é um sentimento que tem merecido, pelas várias áreas da sociedade, diversas descrições, explicações e representações, levando a diferentes compreensões sobre o seu conceito. Sobre o amor lemos os mais belos poemas, choramos com a sua projeção nos ecrãs do cinema e expressamos a forma como o sentimos. Por tudo isto, o amor poderá ser, de facto, o sentimento que mais engloba, pois quem ama não se restringe apenas ao amor, mas sim a um conjunto de outros sentimentos e sensações que o acompanham e complementam.
Poderá, em casos extremos, o sentimento de amor resultar, por necessidades especiais, numa dedicação incondicional ao outro, limitando as próprias rotinas (autocuidado), surgindo aqui o conceito dos cuidadores informais.
Segundo a Associação Nacional de Cuidadores Informais, doravante designados de CI, são todos aqueles que assumem cuidar do outro, sendo que na maioria das vezes os CI são familiares diretos, disponibilizando a sua ajuda para a realização das atividades diárias, pois sem esta o doente não o conseguiria.
A doença crónica de uma pessoa no seio familiar representa assim uma situação de crise potencialmente desencadeadora de stress e, naturalmente, poderá transformar-se numa ameaça ao equilíbrio do funcionamento normal de todos os elementos (a nível pessoal, familiar e social). Logo, os CI, que são necessários na ajuda à doença crónica, sentem este acontecimento como uma alavanca para sintomas psicopatológicos. Frequentemente, os CI manifestam grande sobrecarga o que conduz a tensão, fadiga, stress, ansiedade e até mesmo depressão. Tudo isto, acompanhado da redução dos convívios sociais, bem como problemas físicos e financeiros conduzem à redução da sua qualidade de vida. No entanto, cuidar do outro não traz consigo apenas sentimentos negativos, poderá trazer também sentimentos positivos de solidariedade e compaixão, proporcionados pela proximidade e intimidade com o doente.
Ser CI de um familiar “mais velho” já é considerada uma situação comum no seio familiar. E como ser CI de um filho?
Neste caso, continua a ser a família a exercer o papel de cuidar e, simultaneamente, tem de aprender a lidar com o difícil processo de adaptação à doença e aos novos papeis. Ao mesmo tempo, os pais aprendem a compreender o “novo filho” e a aceitarem que o filho não corresponde ao filho “idealizado”, sendo que essa situação se traduz num sentimento de ambivalência e vulnerabilidade, semelhante ao processo de luto, devido à carga emocional que é o choque da notícia da doença e o desafio de ter um filho portador de uma condição saúde crónica. A família passa a reorganizar-se e a reconstruir uma nova identidade familiar, passando a interiorizar que são pilares na promoção, bem-estar e equilíbrio do seu filho com a restante família e com a sociedade.
É, por isso, fundamental uma atenção particular e de aposta em atividades de promoção do bem-estar dos CI, por parte das entidades públicas, bem como pelos profissionais de saúde, pois os CI são imprescindíveis e deles dependem os doentes a seu cargo. Por outro lado, de forma a promover um maior conhecimento, deve-se apostar em formações para os CI, sendo estas uma mais-valia para diminuir sintomas psicopatológicos, pois o desconhecido é sempre difícil de compreender, ajudando assim na adaptação à doença.
Por tudo isto, o amor do cuidador informal poderá potencialmente ser reconhecido pela sociedade como uma forma de amor supremo, para além do amor!

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