Crónicas e opinião
Linha do Equilíbrio: Mãe “só há uma…”
“Desde sempre, o papel de Mãe é objeto de estudo para a psicologia, principalmente na compreensão dos vínculos entre mães e filhos”.
Em maio celebramos o Dia da Mãe, mês que também é dedicado ao coração, com múltiplas campanhas a sensibilizar para a importância da proteção deste órgão vital. Pensar nesta analogia de “mãe e coração” tende a levar-nos a refletir em todos os sentimentos positivos sobre as mães. Ao mesmo tempo, exalta-se a sua importância na sociedade, como sinónimo de amor incondicional, de disponibilidade, de entrega, de proteção, de pilar, entre muitos outros significados.
Desde sempre, o papel de Mãe é objeto de estudo para a psicologia, principalmente na compreensão dos vínculos entre mães e filhos; na relação da mãe com as diferentes transformações do seu corpo, durante a gravidez; na idealização do filho “perfeito”, entre outros temas ligados à maternidade. Logo, “Ser Mãe” está envolto numa panóplia de sentimentos que antecedem o nascimento e acompanham toda a vida deste novo Ser.
No passado, as pessoas não se questionavam se queriam ter filhos, pois ter filhos era uma condição do casamento, devido à não existência de planeamento familiar e de métodos contracetivos. No entanto, o desejo da formação de uma nova vida começa através de uma decisão individual ou de uma decisão partilhada com outra pessoa.
Após este primeiro passo, e acontecendo uma gravidez, o corpo da mulher sofre inúmeras transformações físicas, hormonais, emocionais e, até mesmo, sociais. Durante toda a gravidez, a futura Mãe idealiza o seu bebé, como o vai educar e projeta sonhos e expetativas para o seu futuro. Observar e sentir as mudanças no corpo levam-na a assumir e a preparar-se para uma tarefa de grande responsabilidade: a educação de um Ser!
Atualmente, o conceito de “Ser Mãe” sofreu transformações, pois a Mãe deixou de ser a tradicional Mãe “encarregada de educação”, que seguia os passos naturais: ser a progenitora, que amamenta, que cozinha, que trata da roupa, etc. tendo passado, além destes a desempenhar novos papéis na sociedade: assumindo uma profissão, participando no associativismo e na política, acompanhando de perto o emergir e a utilização de novas tecnologias e redes sociais.
Esta nova Mãe igualmente próxima do seu filho, com o mesmo sentimento, mas com uma maior amplitude de ação, poderá conduzir a que algumas mulheres se questionem se são “boas mães”, duvidando das suas competências. Esta situação traz muita pressão psicológica às mães e poderá conduzir ao aparecimento de sentimentos ou estados negativos, tais como stress, angústia, falhanço, desilusão e frustração no papel de mãe e, principalmente, de culpa. Paralelamente, as mães trazem consigo “modelos” internos de maternidade, que quando positivos transmitem a ideia de que ser mãe pode ser uma experiência gratificante, feliz e enriquecedora, quando modelo negativo pode levar a um padrão de mãe infeliz, sobrecarregada e “escrava”.
“Ser Mãe” implica mudanças na vida com as quais quem passa por esta experiência precisa aprender a lidar, dados os imensos desafios, num curto espaço de tempo, o que pode, porventura, aumentar o sentimento de sobrecarga. Assim, “Ser Mãe” não está circunscrito à maternidade e à realização pessoal, pois este conceito é muito mais amplo e engloba um longo caminho dinâmico e contínuo de autoconhecimento, de descoberta e crescimento da mulher. “Ser Mãe” implica, ainda, investir em si, enquanto pessoa, ser feliz e realizada nos seus diversos papéis para evitar sentir que a maternidade é uma “prisão” ou um “fardo”.
Para os filhos, as mães não precisam de ser um pináculo da criação para serem amadas. Estes amam-nas e aceitam-nas como são, sendo que a transmissão deste vínculo, entre mãe e filho, inicia-se na gravidez, onde começam as primeiras interações entre ambos, que se intensificam com o nascimento e que nunca mais terminam…
“Ser Mãe” é aprender a viver com uma dualidade de sentimentos: de proteção e “deixar ir”, é uma aprendizagem constante, é saber gerir as suas expetativas para que se adequem às dos filhos, é gerir os seus medos e angústias em prol da libertação e autonomia dos filhos, é viver, sempre, com amor incondicional.
Gratidão a todas as Mães, em especial, à Minha!
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