Edição 568
Junta do Muro vai “exigir” apoio da Câmara na Festa da Rua
Na Assembleia de Freguesia do Muro, o grupo Independentes pelo Muro mencionou que não entende como a Câmara gasta “valores absurdos” em eventos culturais na freguesia de Bougado. Na sessão de segunda-feira, 11 de abril, foi ainda aprovado por unanimidade a Conta de Gerência de 2015.
Foi anunciada na Assembleia de Freguesia do Muro que o executivo da Junta está a preparar mais uma edição da Festa de Rua, a decorrer nos dias 14 e 15 de maio, no recinto de S. Cristóvão. O presidente da Junta, Carlos Martins, adiantou que “ainda não decidiram que tipo de atividades vai haver”, mas que a iniciativa vai decorrer “nos moldes anteriores, porque não têm dinheiro para gastar”. “Estamos à espera de apoios”, adiantou.
Na sua intervenção, Pedro Santos, eleito pelo grupo Independentes pelo Muro (IPM), referiu que “é manifestamente pouco o dinheiro” que a Junta recebe pela parte da Câmara Municipal da Trofa pelo “trabalho que tem”, tendo em conta o que a autarquia “gasta em feiras anuais, inaugurações de parques, festas da juventude e por aí fora”. “Se existe para S. Martinho e Santiago de Bougado milhares e milhões – valores absurdos – para trazer artistas – todos os anos os mesmos artistas às vezes -, tem que existir para os outros lados do concelho. Que as verbas de eventos culturais sejam distribuídas para as freguesias deste lado também e não só no centro”, declarou.
O autarca, Carlos Martins, salientou que “fazem à freguesia do Muro o que Lisboa fazia ao Porto”, declarando que “o concelho da Trofa não é só S. Martinho” e, apesar de “concordar que se façam algumas iniciativas culturais no centro da cidade, uma vez por ano podia apoiar com um artista”. “S. Martinho tem uma feira anual com a presença de Quim Barreiros e D.A.M.A., mas que tem o propósito dos tratores e cavalos. A seguir tem a ExpoTrofa que abre e encerra sempre com boas bandas e depois um festival com Piçarra. Nós queremos fazer uma festinha modesta na nossa terra, que até movimenta pessoas e é à face da estrada, em que andamos a pôr umas lâmpadas e aquelas coisas todas, enquanto lá têm uma empresa que trata da logística. Se há dinheiro para isso, tem que haver dinheiro para a Festa de Rua e para um artista”, reforçou.
Já no período do público, Fernando Martins questionou se o executivo “já fez algum pedido em concreto” à Câmara Municipal para “apoiar a Festa do Muro”. Carlos Martins respondeu que foi solicitada “uma reunião há três semanas”, enquanto Conceição Campos mencionou que o “ano passado” pediram “um subsídio” e o vereador “Renato” Pinto Ribeiro disse que “dava para as festas do Muro” que era “o S. Pantaleão”.
Conta de Gerência de 2015 aprovada por unanimidade
O ano de 2015 iniciou com “um saldo de gerência de 6.225,46 euros”, dos quais “5.869,06 euros” corresponde ao “saldo orçamental” e “356,40 euros ao saldo de operações de tesouraria”. Ao longo do ano foram arrecadados “207.092,85 euros de receitas” e realizadas despesas no valor de “206.849,03 euros”. Quanto às operações de tesouraria, os fluxos de entrada foram de “33.742,59 euros” e os de “saída de 33.725,59 euros”. Assim, o saldo de gerência no final do ano 2015 situou-se nos “6.483,28 euros”, respeitando “6.112,88 euros à execução orçamental e 370,40 euros a operações de tesoureira”.
O membro António Correia afirmou que o grupo PSD-CDS/PP no passado se abstinha na votação do relatório por “não ter informação suficiente”, mas que agora este documento “está bastante melhor e já tem o que precisava para ter uma ideia de como o dinheiro é gasto”. “O novo formato do relatório está mais completo, ainda falta uma coisinha ou outra que é normal, mas está mais esclarecedor onde as verbas foram gastas, que é o que nos interessa saber para decidirmos a nossa intenção de voto”, completou.
O documento foi aprovado por unanimidade.
Por “motivos profissionais”, Camila Carvalho renunciou ao mandato como segunda secretária da mesa da Assembleia de Freguesia do Muro, tendo sido substituída por Dinis Campos.
“Quais as vantagens” do acordo de execução com a Câmara?
Foi aprovada por unanimidade a adenda ao acordo de execução celebrado entre o Município da Trofa e a Junta de Freguesia do Muro. A alteração refere-se ao envio do relatório, que passa a ser ser feito “anualmente em vez de quatro em quatro meses”, segundo contou Carlos Martins.
Mas antes da votação, Pedro Santos, do grupo Independentes pelo Muro (IPM), quis saber “quais as vantagens” que este acordo tem “para as juntas de freguesia e para as populações”. “No fundo, (este documento) é uma desresponsabilização, ao passar as competências para outro. O dinheiro que recebe é proporcional aos encargos que traz? Se formos ver o volume de viaturas que passa na nossa freguesia com o volume que passa em Alvarelhos ou Covelas, percebemos que o dinheiro não tem a ver com isso e nós temos muito mais problemas na nossa rede viária do que qualquer uma dessas freguesias”, completou.
O presidente da Junta respondeu que com este acordo há “mais proximidade da população e melhor conseguem resolver os problemas”. Contudo, garante que “o dinheiro para tapar buracos não chega para pagar as indeminizações” e que só na tarde de domingo, 10 de abril, há “oito pedidos de indeminizações”, por causa do “temporal que abriu um buraco” na EN318. E como “não têm meios técnicos, nem pessoal”, o autarca deu como exemplo a existência de “uma brigada especial da Câmara da Maia”, para “andar pela estrada a tapar buracos, que podia ser aproveitado na Trofa”. “Da forma como está a estrada não temos a mínima hipótese. Isto é uma dor de cabeça. E se formos a meter sempre ao seguro, depois eles fartam-se, não aceitam fazer mais seguros, como aconteceu com a Câmara da Trofa e daí estes protocolos”, referiu.
Também Margarida Pinto, do grupo IPM, questionou o autarca sobre “qual o critério de atribuição do valor” e se “é pela quantidade de quilómetros de estradas, pela área total, pela quantidade de habitantes ou de votantes”. Na sua opinião, “a lógica devia de ser pelos quilómetros de estrada”, sendo que no caso do Muro têm “duas importantes vias”, as EN 14 e 318, com “bastantes camiões a passar”. Carlos Martins respondeu que “a única coisa que rejeita” deste protocolo é o de ter a EN14, referindo que o critério de atribuição é feito pelo “rácio entre a área geográfica e o número de habitantes”.
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