Edição 515
Inaugurado sábado Jardim-Escultura de Alberto Carneiro
Batizou-a de “Jardim-Escultura Alberto Carneiro 1997-2015. É constituída por 435 esteios de granito, um muro, um tronco de castanheiro trabalhado pelas mãos do próprio escultor e as árvores que cresceram num terreno, com cerca de 2 mil metros quadrados que, no início de 2013, começou a ser transformado numa obra de arte. A inauguração do “Jardim-Escultura Alberto Carneiro 1997-2015” está marcada para este sábado, dia 21 de março, às 11 horas, na Rua Dr. David Assoreira, em S. Mamede do Coronado, precisamente por se comemorar neste dia a chegada da primavera.
Natural de S. Mamede do Coronado, à altura concelho de Santo Tirso, a 20 de setembro de 1937, nascia Alberto Almeida Carneiro no seio de uma família mamedense. Sobre a obra de arte que ao longo de cerca de quase duas décadas idealizou e concluiu Alberto Carneiro diz ser “uma homenagem às crianças de agora, à criança que foi e sobretudo aos seus pais, nomeadamente à sua mãe a quem deve o que hoje seu”, adiantou o escultor.
Entrevistado na abertura da exposição dos seus trabalhos na Fábrica de Santo Thyrso, no concelho vizinho, o “grande mestre da escultura”, como é conhecido mundialmente, reconheceu que esta obra que “começou a ser idealizada em 1997 é uma homenagem” à terra natal, da qual “nunca” se desligou e onde permanece. A escolha dos esteios não surge por acaso nesta obra. É uma alusão à agricultura que marcava a vida das gentes de S. Mamede do Coronado e à infância do escultor, à qual lhes juntou um tronco de Castanheiro por ele esculpido vagarosamente e com o carinho com que foi trabalhando toda a matéria que transformou em obras de arte.
Alberto Carneiro foi o grande impulsionador da criação do Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso (MIEC), do qual é diretor artístico nacional. Criado oficialmente a 20 de outubro de 1996, o Museu tem por base o espólio recebido dos simpósios internacionais de escultura contemporânea ao ar livre, realizados em Santo Tirso desde 1991. Agora, o escultor decidiu doar todo o seu espólio à Câmara Municipal de Santo Tirso, negando o convite à Fundação de Serralves que pretendia receber o espólio do artista”. Alberto Carneiro explica que “a afinidade com o concelho tirsense, de onde é natural, e as condições de conservação pesaram na decisão”.
A carreira do mestre
Corria o ano 1947 quando o escultor iniciou a sua aprendizagem artística como imaginário, numa oficina de santeiros, na qual trabalhou durante 11 anos. Fez, entretanto, os estudos liceais, frequentando o ensino noturno na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, e na Escola António Arroio, em Lisboa, e já em 1961 voltou ao Porto para estudar Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Concluída a licenciatura, partiu, em 1968 , para Londres, onde frequentou uma pós-graduação na Saint Martin’s School of Art (1968-1970) e foi aluno do escultor britânico Anthony Caro e do seu discípulo, Philip King . Entre 1975 e 1976, anos em que estudou as formas e os procedimentos estéticos resultantes do amanho da terra, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.
Estreou-se a expor ainda nos tempos de estudante: coletivamente, em 1963 e a título individual em 1967, na Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto – ESBAP.
A sua atividade artística teve início na década de 70. Foi professor de Escultura na ESBAP (1972-1976), assumiu a direção pedagógica e artística do Círculo de Artes Plásticas da Universidade de Coimbra (1972-1985) e lecionou na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. É autor e co-autor de textos e livros sobre Arte e Pedagogia e participou em cursos, debates e seminários sobre Arte e dinâmica corporal.
Foram-lhe atribuídos variados prémios e distinções, dos quais se destacam o Prémio Nacional de Escultura (1968), o Prémio Nacional de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte (1985) e o Prémio de Artes do Casino da Póvoa (2007), galardão composto por uma recompensa pecuniária, pela aquisição de uma escultura do premiado (“Sinais e Sabedoria da Floresta”, de 2000-2001) e ainda pela publicação da monografia “Alberto Carneiro – Lição das Coisas”, com texto de Bernardo Pinto de Almeida e direção artística de Armando Alves. Foi galardoado pela Câmara Municipal de Santo Tirso e pela Câmara Municipal da Trofa com medalhas, como forma de reconhecimento pelo seu trabalho e pela divulgação do nome dos dois concelhos além fronteiras.
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