Edição 417
Inacessibilidades – Um concelho agrilhoado.
As cheias que se verificaram recentemente por toda a Trofa colocaram mais uma vez em evidência a urgência na construção de novas vias rodoviárias de proximidade alternativas às duas estradas nacionais 14 e 104 que atravessam a nossa cidade.
Uma intempérie temporária, um simples acidente numa dessas vias ou um qualquer evento na via pública, são suficientes para paralisar por completo a circulação rodoviária na nossa cidade e por consequência entravar toda a nossa economia local.
Este é um problema que envergonha há décadas a Trofa, inferniza a vida de todos os que necessitam de circular diariamente na Trofa, asfixia lentamente a economia trofense, convida à deslocalização de empresas para fora do nosso concelho. Catorze anos volvidos, o concelho da Trofa continua agrilhoado às suas inacessibilidades. Todos os trofenses sabem bem que este é um problema que os sucessivos executivos camarários, apesar de o referenciarem repetidamente nos seus programas e discursos eleitoralistas, sempre o têm ignorado na sua ação prática.
Desconhecemos também o real estado da atual travessia do Rio Ave construída na década de 30 do século passado (quando existiam apenas algumas centenas de automóveis em Portugal) e que nos dias de hoje suporta diariamente o trânsito de milhares de veículos pesados (alguns com largas dezenas de toneladas). Uma sobrecarga certamente nunca equacionada nos cálculos dos engenheiros que a projetaram nos princípios da década de 30. É pois fácil imaginar-se os inúmeros e prolongados constrangimentos que a descoberta ocasional de uma fissura num dos seus pegões traria para os trofenses e populações vizinhas, como é também fácil prever-se a extensão dos impactos negativos desse constrangimento na nossa já muito fragilizada e debilitada economia local.
É pois este o tempo de agir também em matéria de acessibilidades. É urgente acabar com o suplício de quem necessita de transitar diariamente na Trofa. O concelho da Trofa não pode adiar mais a construção de vias de proximidade alternativas às estradas nacionais. Este é o tempo oportuno para se reequacionar os projetos megalómanos e inexequíveis na atual conjuntura. É necessário fazer evoluir os projetos estratosféricos desenhados em retórica e maquetizados em ilusão eleitoralista para projetos devidamente ajustados à nossa realidade atual e com execução no terreno. Os nossos munícipes e as nossas empresas desesperam há décadas por soluções que ponham fim aos inúmeros entraves à circulação no concelho da Trofa.
A construção de uma ou duas travessias de proximidade do Rio Ave (uma entre o Hospital da Trofa e a zona da antiga Mabor e outra entre a estrada de Sam e a Semogueira) seriam na ótica do BLOCO DE ESQUERDA TROFA, soluções possíveis, enquadradas com a atual conjuntura e que permitiriam melhorar no imediato a circulação e a fluidez do trânsito na Trofa.
Contudo, seria redutor pensar-se que a abordagem ao problema das acessibilidades no concelho se limita à construção de algumas rotundas nos pontos mais críticos ou à construção de novas travessias e vias de proximidade alternativas às estradas nacionais. Este é um problema muito mais amplo e complexo que necessita ser tratado de uma forma multidisciplinar.
Para o BLOCO DE ESQUERDA TROFA uma correta abordagem à problemática das acessibilidades no concelho implica também: a definição com as entidades competentes de planos de manutenção permanente das vias existentes (em especial das nacionais N14, N104 e N318); a criação de um nº de telefone e de um piquete municipal de intervenção rápida para conservação das vias que evite o degradar acentuado das mesmas; uma correta identificação das carências e dos problemas de acessibilidade em todas as freguesias do concelho; o alargamento, a pavimentação e redefinição dos sentidos de trânsito em vias que estão sob alçada do município; estudar qual das ordenações de trânsito possíveis maximiza a fluidez do trânsito e otimiza a economia local; novas políticas de urbanismo que garantam a possibilidade de alargamento das vias já existentes e a salvaguarda de corredores para construção de futuras vias; a reformulação e expansão da rede e da oferta de transportes públicos em todo o concelho; a garantia que as vias de maior trânsito no concelho têm iluminação adequada à sua natureza e ao seu estado de conservação.
Gualter Costa
Coordenador Concelhio Bloco de Esquerda Trofa.
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